quarta-feira, 16 de julho de 2008

Devocional - Felicidade

Ontem assisti ao filme Em Busca da Felicidade (ou aqui)e como já havia lido sobre isso no site do Ricardo Gondim e conversado com Nilson, Leandro e famílias em um jantar recente, bem como também tenho buscado a felicidade, passo a tecer alguns comentários para mim e àqueles que também a buscam.

Não acredito nessa história de me esforçar e chegar lá. Há mais variáveis não controláveis nesse meio que tornam o "chegar lá" quase que um acaso.
Também, não quero simplesmente vincular felicidade com dinheiro, status, ou qualquer coisa material. Não vejo o filme apenas dessa forma. Em várias partes o protagonista diz "esse momento de minha vida eu chamo de ...". E após ter conseguido o emprego, ele diz, "esse breve momento, eu chamo de felicidade."
Interessante que nossa busca da vida inteira seja apenas para desfrutar um breve momento de felicidade.
Logo após esse filme fiquei zapeando os canais e terminei por assistir ao final do filme Peixe Grande. Outro filme que apresenta uma interpretação sobre felicidade.

Impossível, ainda, nessa busca sobre felicidade, não se deparar com o que o Evangelho de Mateus indica ser a felicidade (Bem-Aventurança).
A grande questão, para mim, é que a felicidade que buscamos quase sempre está relacionada à satisfação pessoal (pessoal aqui em dois sentidos: minha e para mim).
Talvez seja por isso que a felicidade se torna tão breve.
Talvez seja por isso que ao 'acharmos' a felicidade ela desaparece de nossas mãos e voltemos a buscá-la no próximo monte que idealizamos subir.

Mas não pode ser assim.
Tudo bem que a dúvida faz parte de nós e temos de confirmar e reconfirmar as nossas certezas, mas a felicidade é algo que dificilmente dizemos ter encontrado, mesmo já dela tendo desfrutado.
Deve haver um modo de tornar a felicidade apartada das conquistas, interiorizá-la, fazê-la parte de nós e torná-la mais perene do que um breve momento.
Minha contribuição para tanto é, penso eu, melhor esclarecer felicidade definindo-a por contentamento.
Contentamento é entender sua vida como dádiva e graça, e, dessa forma, viver não mais olhando para si, mas desfrutando do que lhe foi concedido, do que já alcançou, e ao lado dos 'próximos' que estão próximos.
Não é deixar de sonhar e buscar (seja lá o que nos impulsiona a sonhar e buscar), mas, utilizando a fidelidade de Vinícios para expressar a felicidade, 'viver em cada vão momento, com seu pesar ou seu contentamento'.

Se a felicidade estiver vinculada à perfeição, à ausência de dor, ao pessoal (meu e para mim), então não há como ela não ser fugaz, não há como ela não ser uma eterna busca por breves momentos.

Não há, igualmente, como a felicidade não ser busca, mas deve ser um buscar achando, e um achando mais constantemente.
Ao perseguir a felicidade, ainda consigo aceitar a busca, e mesmo a brevidade do êxtase da felicidade, somente não consigo aceitar o perder a felicidade.

Jesus diz quem são os MAIS FELIZES (Bem-aventurados) (Mateus 5: 1-16).
Esses são os que buscam, mas a busca extrapola o pessoal (meu e para mim). Essa busca vai além da alegria pessoal, vai além da dor, vai além da própria vida como algo a que se deva apegar.
Os MAIS FELIZES são os que buscam e continuam buscando, e lhes são concedidos êxtases na busca que não lhes permitem parara de buscar, mas compreedem que já encontraram e que continuam encontrando e que o encontro perdura na vida e no tempo.
A busca da felicidade parece ser, enfim, a busca pela prática da doação, pela prática da existência pessoal no próximo. Não mais meu e para mim, mas, a existência do eu somente no dele e para ele.
O contentamento é compreender que o dele e para ele, que o próximo, não está tão longe nem é tão desconhecido assim, mas é o integrar-se à vida que vivemos de forma a perceber suas minúcias e se contentar (ficar contente, ficar feliz, bastar) na vida que se leva. Não é jamais 'deixar a vida me levar', mas integrar-se à vida para viver levando a vida e bastando para poder sonhar em levar vida e bastar-se aos próximos.
Henri Nouwen é um dos autores que gosto de citar nesse contexto.

Então, como no final do filme Peixe Grande, alcançamos nossa busca e nos tornamos aquilo que buscamos ao fazermos real nossa busca em cada vão momento para os outros.

Continuo a busca, mas com novas lentes, as quais têm me feito compreender que são MUITO FELIZES aqueles que buscam a felicidade na busca de contentamento real e para agora, não mais no pessoal mas essencialmente no próximal (dele e para ele).

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