terça-feira, 17 de maio de 2011

História de Fadas

Começar esta história com "era uma vez" parece não fazer jus a sua importância, pois o que vai ser narrado não aconteceu apenas uma vez em um lugar distante. Ela continua acontecendo ainda hoje.
Mas, como é na imaginação que a realidade se concretiza, parece mesmo que o "era uma vez" imaginário é capaz de trazer mais realidades do que os fatos indicados por datas ou outras demarcações espaço-temporais precisas.

É preciso, ainda, esclarecer que a linguagem com que iniciamos essa narrativa é apenas introdutória. Não se carece de rococós linguísticos para falar ao coração daqueles com quem pretendemos dialogar. As frases simples comunicam muito mais do que os períodos longos.
E por falar em períodos longos como o tempo no qual os eventos ocorreram, como faz tempo que desaprendemos a falar de forma simples e explicar as coisas de forma inteligível para a criança que habita em nós, mas que continuamente deixamos de castigo, peço as escusas iniciais devidas sobre as vezes em que este narrador terá de se fazer valer de pensamentos adultos ao aprensentar os fatos históricos. Definitivamente, não é fácil escrever o que apenas crianças conseguem expressar.
Mas, vamos à história ...

... Era uma vez uma fada chamada Mariana.
Mariana nasceu fada, porém, como é fato conhecido e comprovado pelos vários contos de fadas que escutamos nossos pais nos contar, existem fadas de vários tipos.
Há aquelas que ajudam princesas. Há outras que fazem mágicas. Há fadas que cuidam da natureza. E muitas outras profissões que cada fada pode realizar.
Assim, nascer fada é só o começo, pois mesmo as fadas têm sonhos. E até chegar ao momento correto, ficam imaginando o que irão fazer durante sua vida.
Com Mariana não poderia ser diferente. Ela sonhava em ser uma fada importante, que fosse especial.

Não bastava que seus pais a ensinassem constantemente que ela era especial apenas por ser ela mesma, sem precisar provar nada para ninguém. Mariana imaginava que a profissão correta é iria torná-la especial.

Mas, acontece que no mundo das fadas, não são as próprias fadas quem escolhem as atividades que realizarão. Existe um Conselho que analisa quais as atividades que as fadas realizam que mais precisam de funcionários e, no momento adequado, as fadas são indicadas para realizarem estas atividades.

Isso ocorre porque a cada dia que passa menos fadas existem, o que é devido a dois problemas principais.
O primeiro é o fato de que os pais de fadas deixaram deliberadamente de terem várias fadinhas.
O comum, atualmente, é que haja apenas um/uma filho/a para cada casal de fadas. Consequência da modernidade, mas, igualmente, consequência do 2º fator que se segue.
A segunda razão para a redução da população de fadas era que as pessoas deixavam de acreditar nelas quando cresciam. Só conheciam as fadas enquanto eram crianças, mas logo que começavam a agir como adultos abandonavam as fadas.

É preciso, agora, dizer a época dos fatos narrados.

Já era tempo da fada Mariana ter designada a sua atividade como fada, e ela estava muito ansiosa. Porém, esse momento da história coincidiu com uma época em que as crianças sequer tinham o direito de serem crianças.
Quase em todas as atividades havia falta de fadas e o Conselho decidiu designar Mariana para ser uma fada dos dentes.
Fada dos Dentes?!?!
Isso mesmo! Mariana teria a responsabilidade de realizar as trocas dos dentes por moedas.
Atividade fundamental para as fadas, pois era ainda um dos poucos momentos em que os adultos incentivavam as crianças a acreditarem em fadas.
Mas, como é fácil de compreender, a atividade não tinha muito do glamur que Mariana esperava. Aliás, para Mariana foi uma decepção.
O que há de especial em trocar dentes velhos por moedas ainda mais velhas??
Bem, não havia o que fazer. O que estava decidido estava decidido, e não poderia ser mudado.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Deus Jurídico

Apesar de ser advogado, não concordo com a forma jurídica para expressar Deus.

Ele, de fato, pode ser expressado por várias formas e nuances, inclusive, há textos bíblicos expressos nos quais podemos encontrar expressões comuns ao "juridiquês" como JUIZ, ADVOGADO, CÉDULA DE DÍVIDA, e outras mais. Todavia, das várias formas que podemos expressar Deus em nossa linguagem, para hoje (se serviu para o passado isso foi relevante no passado), considero que a forma jurídica é a menos adequada.

Para isso, não preciso de referências ou citações que me fundamentam o pensar. O melhor, no caso do falar sobre Deus, é que citações de pensadores são desnecessárias quando Deus se expressa em relacionamentos, em amizade, em família. (Eu bem sei como é relevante observar o agir de Deus em vários outros irmãos com o passar dos tempos, mas isso não serve como 'argumento de autoridade', pois toda a autoridade e argumento deve ser, e pode ser, confrontado. Como os irmãos de Beréia assim fizeram com Paulo).

Agora, um pensamento que vez ou outra me tem assaltado. Não refuto os fatos que estão expressos na história e no meu coração. Porém, o que não tenho conseguido admitir é que uma explicação jurídica possa servir de resposta final à questão. Se tenho resposta?! Não! Aceito os fatos e as verdades nele expressas, mas não consigo mais aceitar a interpretação desses fatos sob um arcabouço jurídico determinístico.
Como esse blog serve para apresentar minhas indagações para mim mesmo, escrevo o que penso para depois pensar melhor.

Deus não pode ter "entregue" seu Filho para morrer, como consequência do cumprimento de uma Lei ou algo assim. O que penso que deve ser compreendido, nesse caso, é o que a Parábola dos lavradores maus indica (Mateus 21: 33-46).
Da mesma forma que Deus "se arrependeu" (sem se arrepender) Deus "não acreditou" (mesmo sabendo que assim seria) que os homens eram capazes de vê-Lo e não O reconhecer. Deus "não acreditou" (mesmo sabendo que assim seria) que os Humanos seriam capazes de, diante do próprio Deus, revelarem a intenção pior de seus corações: matar o filho para ficar com tudo. Matar o Filho de Deus para ficarem consigo mesmos. Matarem o Filho de Deus para "serem iguais a Deus", "para fazerem seu nome grande" como em Babel.

Mas em Seu amor, Deus não se manteve afastado após a morte de Seu Filho, mas o Ressuscitou e veio requerer o que é Seu, como na Parábola.
Graças a Deus por isso.

Não sei se isso refresca alguma coisa para alguém, mas, para mim, já ajuda a fugir das metáforas jurídicas de Deus e compreender um pouco mais da questão do Seu Beneplácito, Sua Vontade Livre e Soberana para agir em Amor, e não condicionado por lei nenhuma, nem pela lei do pecado ou de alguma outra coisa que inventamos que seja capaz de obrigar Deus a agir de uma forma ou de outra.

Como disse, o pensamento não fica concluído, mas apenas iniciado.
O Pai de Amor não "entregou" Seu Filho Amado para morrer, mas, antes, o enviou para Se Revelar a nós. E "nós não o recebemos, mas a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus".

terça-feira, 10 de maio de 2011

História de Fadas

Ontem (09/05/11) estávamos no carro e a Gi começou a contar uma história fantástica. Era mais ou menos assim ("mais ou menos" porque adultos nunca conseguem retratar o que crianças dizem): havia em um mundo duas espécies de fadas, as boas e as más. Elas eram fadas dos dentes. Mas um dia, Mariana, uma fada boa, cansou de trocar dentes por moedinhas e resolveu inovar. Começou a trocar dentes por sonhos. E como ela era uma fada boa, os sonhos eram sempre bons. Para dar um clima na história, havia, também, outras fadas más que começaram a trocar dentes por sonhos maus.
Que história fantástica!!
Talvez seja por isso que  ninguém mais coloca dentes para trocar, com medo dos sonhos maus.
Acho que recebi uma pérola da minha filha!