quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Redação - ENEM 2011

Vi minha nota no ENEM 2011 e apesar de ter ido razoavelmente bem em todas as disciplinas, tive a redação ANULADA. Zerinho. Liguei para saber o motivo e, simplesmente, me informaram que não poderia ser feito nada e não daria mais para recorrer. Aliás, fiquei sabendo que não poderei participar do SiSU porque me deram zero na redação.

Sabe, posso até me conformar com a anulação depois de ser informado do motivo da anulação. Acontece que não é fornecida tal informação e fiquei sem respostas mais claras além das repetições da atendente.

Disseram que minha redação é corrigida por duas pessoas e se houver muita diferença, uma terceira é chamada. Tenho medo até de conhecer quem são essas pessoas.

Eis os textos para a redação em 2011:

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PROPOSTA DE REDAÇÃO

Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema VIVER EM REDE NO SÉCULO XXI: OS LIMITES ENTRE O PÚBLICO E O PRIVADO, apresentando proposta de conscientização social que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.

Liberdade sem fio
A ONU acaba de declarar o acesso à rede um direito fundamental do ser humano – assim como saúde, moradia e educação. No mundo todo, pessoas começam a abrir seus sinais privados de wi-fi, organizações e governos se mobilizam para expandir a rede para espaços públicos e regiões onde ela ainda não chega, com acesso livre e gratuito.
ROSA, G.; SANTOS, P. Galileu. Nº 240, jul. 2011 (fragmento).


A internet tem ouvidos e memória
Uma pesquisa da consultoria Forrester Research revela que, nos Estados Unidos, a população já passou mais tempo conectada à internet do que em frente à televisão. Os hábitos estão mudando. No Brasil, as pessoas já gastam cerca de 20% de seu tempo on-line em redes sociais. A grande maioria dos internautas (72%, de acordo com o Ibope Mídia) pretende criar, acessar e manter um perfil em rede. “Faz parte da própria socialização do indivíduo do século XXI estar numa rede social. Não estar equivale a não ter uma identidade ou um número de telefone no passado”, acredita Alessandro Barbosa Lima, CEO da e.Life, empresa de monitoração e análise de mídias.

As redes sociais são ótimas para disseminar ideias, tornar alguém popular e também arruinar reputações. Um dos maiores desafios dos usuários de internet é saber ponderar o que se publica nela. Especialistas recomendam que não se deve publicar o que não se fala em público, pois a internet é um ambiente social e, ao contrário do que se pensa, a rede não acoberta anonimato, uma vez que mesmo quem se esconde atrás de um pseudônimo pode ser rastreado e identificado. Aqueles que, por impulso, se exaltam e cometem gafes podem pagar caro.

Disponível em: http://www.terra.com.br. Acesso em: 30 jun. 2011 (adaptado).



DAHMER, A. Disponível em: http://malvados.wordpress.com. Acesso em: 30 jun. 2011.

INSTRUÇÕES:
  • O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado.
  • O texto definitivo, deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas.
  • A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero.
  • A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero.
  • A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção.
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Abaixo, transcrevo minha redação na esperança de que o meu vestibular não fique prejudicado por causa dessa abusividade do INEP e, também, torcendo para que o motivo da anulação da minha redação seja a minha ignorância e não a falta de conhecimento e compreensão por parte daquelas pessoas que deveriam corrigir minha prova:

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Conexão Final

  Na interação social que nosso século parece impor ser obrigatória exclusicamente através das tecnologias midiáticas de silício nos deparamos com a inevitabilidade de uma exposição do indivíduo tamanha que o lança ao ponto de se diluir em um coletivo também informe.

  Tudo se publiciza na medida em que o privado tecnológico não é mais restrito a um grupo identitário, porém, o público não se coletiviza, eis que o caldo formado por essa publicidade não ganha sabores específicos que o possam condicionar, mas se matém com a tampa aberta para receber os ingredientes de novas tendênmcias que tanto reformulam seu sabor quanto fazem o anterior ser esquecido.

  Relacionar conceitos de Consciência Social e Respeito aos Direitos Humanos, exatamente pelo fato de o privado, como individual, estar comprometido e ser substituído, normalmente, por um público sem forma rígida e estruturalmente mutável, é a dificuldade a ser superada a qual pode, todavia, ser o próprio dínamo para mudanças.

  Se já lutamos por liberdade e igualdade, uma vez que Público e Privado têm se interpenetrado, talvez seja hora de agregar à luta pela fraternidade, o desejo pela cumplicidade humana.

  Essa cumpliciade parece capaz de dar forma a essa publicidade sem gosto e permitir a efetivação de direitos na medida em que conscientizamo-nos de que nada está desvinculado do TODO em que vivemos.

  O compreender-se cúmplice permitiria tratar o público/privado como integrante de sua própria vida e os efeitos de uma atuação negligente seriam suportados não por outrem, mas por mim.

  Consciência Social, na sociedade moderna, não é vigiar para "corrigir insconscistências dos sistemas", sob a pálida intenção de preservar direitos. Ao contrário, é vigiar menos, porque o único responsável pelas mudanças não é o outro a quem vigio, mas eu mesmo.

  Assim, uma vez que as fronteiras público/privado se encontram derrubadas, outra nao pode ser nossa disposição além de nos darmos as mãos ao invés de reedificar muros, pois em uma aldeia global, a individualidade não prescinde de uma coletividade cúmplice e identificada com o Ser, enfim, Humano.


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Terminei a redação e a escrevi dentro das linhas adequadas. Mas, mesmo assim, tive a redação anulada.

Só restam, agora, as portas do Judiciário Federal para tentar descobrir o porquê de minha redação estar fora dos padrões do MEC.

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A seguir um exemplo de redação que se entende adequada:

Veja aqui o exemplo de uma boa redação com base no tema da prova do Enem 2011 feita pelo professor Rafael Pinna do Colégio de A_Z

O Globo
Publicado:
Atualizado:
Quinze minutos de privacidade
Quando afirmou que, no futuro, todos teriam direito a quinze minutos de fama, Andy Warhol indicou o desejo pela fama como uma tendência da sociedade de massa. A famosa frase foi cunhada no fim da década de 1960, quando a internet só existia como uma rede acentrada ainda com objetivos militares. Hoje, a grande rede se faz presente em boa parte das atividades cotidianas, como as próprias relações interpessoais, uma "'evolução" que transformou a crítica do conhecido artista plástico em uma espécie de profecia a ser seguida. O problema, nesse caso, é que a vida virtual muitas vezes elimina a tênue fronteira entre o público e o particular.
Basta ter uma conta de e-mail ou navegar eventualmente pela internet para perceber os perigos que ela oferece. De fato, invasões de contas e crimes de diversas naturezas tornam a rotina em banda larga pouco segura, transformando informações sigilosas em conteúdo público com a mesma velocidade da comunicação em tempo real. Embora haja uma discussão acerca da correção do caso, o trabalho da organização conhecida como "Wikileaks" evidencia como nem mesmo empresas e governos, com suas redes de seguranças supostamente seguras, estão imunes a esses riscos.
Nem sempre, porém, o problema é fruto de invasões e crimes: o desejo pela exposição e pelo reconhecimento virtual tem levado a perigosos exageros na vida real. Por trás de perfis em redes sociais e de pseudônimos em chats e blogs, muitas pessoas expõem suas intimidades, com frases ou fotografias comprometedoras profissional e socialmente. Prova disso são os casos de demissões e processos causados pela publicação de conteúdos considerados inapropriados, mesmo que isso tenha sido feito em ambientes tipicamente "pessoais". Assim, trata-se de uma ilusão imaginar que a vida em bytes, revelada no interior de um quarto fechado, possa ser dissociada da vida em carne e osso, em ruas e calçadas.
Diante de um panorama complexo, repleto de variáveis, é fundamental buscar caminhos para o estabelecimento de limites entre o público e o privado na grande rede. O primeiro passo deve ser dado pelos governos, com a criação e o aprimoramento de legislações específicas e mecanismos de identificação e punição capazes de inibir crimes relacionados a invasões de privacidade e manifestações preconceituosas. Afinal, o que é sociamente ilegal e imoral na vida real também o é na internet. Na mesma perspectiva, a mídia pode divulgar - tanto no noticiário quanto em dramaturgias - os perigos da exposição na internet, de modo a sensibilizar a sociedade.
Fica claro, portanto, que são necessárias medidas urgentes para evitar uma confusão danosa entre o particular e o público na internet. Contudo, a transformação profunda deve ser feita na nova geração de crianças e adolescentes, que já nasceu e vem crescendo em um ambiente paralelamente real e virtual. Por isso, o trabalho de ONGs e, sobretudo, de escolas parece ser a solução mais eficaz. Com aulas e palestras sobre o uso seguro e socialmente adequado da internet, é possível imaginar um futuro em que menos pessoas se prejudiquem com a vida em banda larga, e mais indivíduos usem esse recurso para, por exemplo, compreender melhor a frase de Andy Warhol.


Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/vestibular/veja-aqui-exemplo-de-uma-boa-redacao-com-base-no-tema-da-prova-do-enem-2011-feita-pelo-professor-rafael-pinna-do-colegio-de-az-2897703#ixzz1hIKIvYqo
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também = http://oglobo.globo.com/vestibular/tema-da-redacao-do-enem-2011-viver-em-rede-no-seculo-xxi-os-limites-entre-publico-o-privado-2897667

http://veja.abril.com.br/noticia/educacao/tema-da-redacao-do-enem-2011-vaza

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Tema da Redação no Enem 2011


Atualizada em: 23/10/2011

A redação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano trouxe como tema "viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado". Os candidatos deveriam escrever sobre as redes sociais como Twitter e Facebook e como as pessoas se relacionam nesta plataforma. A informação foi confirmada pelo Ministério da Educação.

De acordo com o MEC, duas reportagens e uma tira de quadrinhos foram os textos de referência da redação. São elas as matérias "Liberdade sem fio" e "A internet tem ouvidos e memória", publicadas pela revista "Galileu" e pelo portal "Terra", respectivamente, e uma tira da série "Quadrinhos dos anos 10", do cartunista André Dahmer.

A questão das redes sociais também apareceu na prova de linguagens, códigos e suas tecnologias. Segundo candidatos, compreensão de gráficos e tabelas foram exigidos na prova de matemática.


Critérios

A redação do Enem é corrigida por dois corretores de forma independente, sem que um conheça a nota atribuída pelo outro. A nota final corresponde à média aritmética simples das notas atribuídas pelos dois corretores. Caso haja discrepância de 300 pontos ou mais na nota atribuída pelos corretores (em uma escala de 0 a 1000), a redação passará por uma terceira correção, realizada por um supervisor.

A nota atribuída pelo supervisor substitui a nota dos demais corretores. De acordo com o edital, o Inep considera que a metodologia empregada na correção das redações contempla recurso de ofício.

Será atribuída nota zero à redação: que não atender a proposta solicitada ou que possua outra estrutura textual que não seja a do tipo dissertativo-argumentativo; sem texto escrito na folha de redação, que será considerada "em branco"; com até sete linhas, qualquer que seja o conteúdo, que configurará "texto insuficiente"; linhas com cópia dos textos motivadores apresentados no caderno de questões serão desconsideradas para efeito de correção e de contagem do mínimo de linhas; com impropérios, desenhos e outras formas propositais de anulação, que será considerada "anulada".


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Tema da redação do Enem 2011 foi sobre 'viver em rede no século 21'

Alunos tinham que discutir os limites entre o público e o privado; tema era uma das apostas de professores

23 de outubro de 2011 | 16h 07


Os candidatos do Enem tiveram que escrever neste domingo uma redação sobre "Viver em rede no século 21: os limites entre o público e o privado". Eles deveriam usar dois textos de referência. O primeiro abordava a relação entre a internet e a reputação das pessoas, afirmando que a web pode ser usada tanto para o bem como para o mal. O segundo texto mostrava como a internet afeta a vida de indivíduos e empresas e lembrava que a ONU declarou o acesso à rede direito básico do ser humano.
Uma charge do cartunista André Dahmer também serviu de apoio para a redação. Na tirinha, um homem que sabia que estava sendo vigiado falava para uma câmera.Um policial assistia a este mesmo homem falando. Ele dizia que não gosta de ser filmado e que, se o policial concordasse, os dois poderiam se juntar para acabar com a vigilância. Redes sociais também caíram na prova objetiva de Linguagens e Códigos em duas perguntas: uma sobre o Facebook e outra sobre o Twitter.

'Todo mundo sabe falar'
O uso das redes sociais como tema da redação já era esperado por professores e estudantes. Em Salvador, por exemplo, liderou a bolsa de apostas de candidatos que aguardavam a abertura dos portões do Centro Universitário Estácio da Bahia, no bairro do Stiep, para fazer a prova. "Até ontem, eu tinha certeza que seria sobre meio ambiente, talvez falando de Belo Monte", comentou Juliana Reis, de 17 anos. "Mas a prova de ontem teve tanto meio ambiente que agora acho que vai ser uma coisa completamente diferente, tipo internet ou Copa do Mundo."
O tema também foi elogiado em São Paulo, no câmpus da Unip na Rua Vergueiro, zona sul. Ingrid Pereira, de 18, aluna do 3.º ano do ensino médio, comemorou: "É algo que todo mundo sabe falar. Os jovens passam muito tempo na internet.” A estudante tem contas no MSN, no Orkut, no Facebook e no Twitter e vai tentar uma bolsa do Prouni para os cursos de Administração, Contabilidade ou Recursos Humanos.
Kaite Vargas, de 19, também no último ano do ensino médio, achou o tema fácil. “Falei sobre o Facebook e os avanços da tecnologia. Hoje a internet permite que a gente conheça pessoas novas e reencontre quem a gente não vê há muito tempo.”
'Demorei para entender o tema'
Apesar de ter não ter surpreendido candidatos, o tema foi criticado por Carolina da Costa Simões, de 21, que prestou o exame no câmpus da Uerj no Maracanã, zona norte do Rio. “Achei que o tema não tinha nada a ver”, disse Carolina, que pretende cursar Enfermagem. “Tinha outros assuntos muito mais interessantes que podiam ter caído.”
Conseguir desenvolver o tema da redação foi a principal dificuldade alegada pelos candidatos que participaram do Enem em Belo Horizonte. Mesmo assim, vários estudantes deixaram os locais de prova assim que a saída foi autorizada, pouco após as 15h30. “A redação apertou um pouco porque eu demorei para entender o tema. Depois que entendi, foi fácil”, afirmou Henrique Nepomuceno, de 17, que fez as provas no câmpus da UFMG na Pampulha.
'Relativamente tranquilo'
Para a professora do Cursinho da Poli Eclícia Pereira, o tema da prova foi "relativamente tranquilo", pois remetia ao cotidiano dos candidatos. Segundo ela,o ideal seria o estudante refletir sobre como a superexposição provocada pelas redes sociais influi na vida de cada um.
A professora, que participou da correção das redações do Enem entre 2001 e 2006, lembra que muitas pessoas não têm noção de como são mapeadas e do controle que os outros exercem sobre suas vidas a partir das redes sociais. Por isso, diz Eclícia, a redação também poderia discutir as proporções dessa vida cada vez mais pública na geração atual.
Segundo a assessoria do Inep, órgão responsável pelo Enem, a publicação do tema da redação no site do jornal O Globo antes do horário permitido para a saída dos candidatos não configura quebra de sigilo da prova, porque todos os alunos já tinham acesso ao tema 1 hora após o início do exame.

domingo, 27 de novembro de 2011

Heresia

Gostaria de saber me referir a Deus com palavras como "encantamento" e "magia" sem ser considerado herege. Mas, isso fica para aqueles que sabem manejar melhor a pena do que eu.

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Me considero alguém que possui uma crença tradicional. Porém, há dias em que eu me canso de ouvir os mesmos discursos para as verdades nas quais eu creio, o que parece se apresentar como algo feito para que eu me convença que é verdade, e, não, para que eu reconheça a verdade. Exemplo: falar que em mim falta uma parte que só pode ser preenchida por Deus. Me recuso a crer que Deus seja apenas "uma parte". Se Deus não é TUDO, Ele não pode ser mais nada!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Paulo Brabo - 3

Mais um texto do Paulo Brabo que transcrevo abaixo, deixando o link original aqui:

21 de Novembro de 2011

O acalentado conforto da proibição
Confiscado por Paulo Brabo
Estocado em Manuscritos

Só os grandes articuladores da fé, que vivem e pensam em esferas distantes da multidão, é que falam da sua religião em termos profundos e categorias teológicas. Para uma pessoa normal, ou para alguém que observa de fora, uma religião é mais claramente definida pelas suas proibições.

O cidadão comum, muito sensatamente, prefere não ter de sentir-se à vontade entre termos como atonement, parousia, kenosis, koinonia e kairos. O cristão médio vive muito bem sem conhecer as quatro teorias da redenção, sem ter lido a autobiografia de Agostinho, sem pausar diante das agonias de Kierkegaard e sem dobrar-se com as angústias de Bonhoeffer. Ele intui que é possível aproximar-se de Jesus sem saber exatamente o que é graça irresistível, pecado original, amilenismo, soteriologia, hermenêutica, exegese, escatologia realizada, depravação total, arminianismo, imanência, universalismo, teísmo aberto ou monergismo. Muitos cristãos tarimbados sentem-se pouco à vontade para manusear sem proteção até mesmo conceitos que são mencionados pelo nome na Bíblia, coisas como santificação, graça, justificação, eleição e arrependimento. Até mesmo, olha, fé.

Em contraste com isso, os mais despreparados dentre nós sentem-se em geral prontos para elencar as interdições que envolve a nossa fé particular – ou, no mínimo, para zelar nominalmente pela aplicação delas. De longe, “minha religião não permite” é a profissão de fé mais comumente proferida da Terra.

É desse modo, elencando proibições, que na vida real falamos aos outros da nossa religião e inquirimos os outros a respeito da deles. É falando de proibições que orientamos ou corrigimos o caminho dos que se agregam ao círculo da nossa crença.

Há coisa de cinquenta anos as facções evangélicas e protestantes do Brasil cultivavam uma série de interdições em comum, a maioria das quais foram abolidas nesse intervalo, embora continuem a vigorar para um grupo ou outro. Crente não podia não podia beber, não podia ir ao cinema, não podia jogar futebol; não podia ouvir música do mundo, não podia entrar em boate, não podia fumar; não podia jogar, não podia fazer apostas e não podia dizer palavrão; se fosse mulher, não podia usar calça comprida, não podia usar maquiagem, não podia cortar o cabelo.

Corta para 2011: não só caíram todas essas proibições (ou a sua maioria), como a cultura e a tecnologia avançaram rápido demais para que as assembleias pudessem legislar com adequada austeridade proibições novas. Tarde demais para lembrar que crente não pode usar telefone celular, não pode ter conta no twitter e não pode ler o Paulo Brabo.

Isso não quer dizer que os cristãos tenham deixado de construir sua identidade entrincheirando-se atrás de suas mais sagradas proibições. Permanecemos, como sempre, particularmente interessados nas transgressões que dizem respeito ao corpo: da nossa pauta eterna aparentemente nada tem poder para riscar a contracepção, as relações homossexuais e o sexo não apaziguado pelo casamento.

Tanto a teologia quanto as proibições acabam sempre, portanto, encontrando o seu público. Para os teólogos, a essência da fé está nas filigranas e coisas profundas que a massa não tem como entender; para a massa dos fiéis, a essência da fé está nas proibições muito práticas que lhes fornecem por um lado uma identidade e por outro lhes garantem uma recompensa.

Uma das muitas coisas singulares a respeito de Jesus de Nazaré é que ele evitou por completo tanto as armadilhas teologantes dos letrados e eruditos quanto a religiosidade rasa, de proibição e recompensa, das massas.

Jesus não ignorava, naturalmente, que as duas abordagens tem muita coisa em comum. Em grande parte, a lista de proibições adotada pelos crentes é composta ou esboçada pelos religiosos letrados que residem acima deles na pirâmide socioeconômica. “Se não são os sofisticados o bastante para entender as minúcias da teologia em que se fundamentam,” raciocinam os líderes religiosos com relação ao seu rebanho, “que pelo menos não caiam naquelas transgressões mais severas. Façamos uma lista”.

Postando-se muito acima dessas mesquinharias, Jesus recusava-se, por um lado, a gastar um instante que fosse do seu tempo expondo ou discutindo teologia. Era contando histórias que ele desfiava indicações sobre a natureza e os desafios do Reino. Era no calor sem sofisticação de estradas, de refeições, de curas e de abraços – no calor da vida real – que ele mostrava como o Reino se deveria viver.

Por outro lado, ele recusava-se de modo consistente a fornecer ao seu público o conforto almejado das listas de proibições. Jesus não só negava-se a falar da vida abundante em termos de obediência a interdições, como repelia com exuberância as tentativas que as pessoas por vezes faziam de, às custas dele, reduzir a ética a uma resposta “sim ou não” para um problema complexo.

Naquela época não tinha qualquer penetração cultural a noção que todos conhecemos hoje, de que as motivações mais mesquinhas para se agir de determinada forma são o medo da punição e o desejo da recompensa. Jesus, no entanto, agia e ensinava como se fosse coisa muito evidente que uma ética de conduta regida por proibições é limitada e infantilizante. Muito mais ambicioso, o rabi de Nazaré sonhava com um mundo de autonomia individual e de decisões responsáveis: “por que vocês não decidem por si mesmos o que é certo?” (Lucas 12:57).

Ao mesmo tempo, Jesus desafiava constantemente a noção – pelo menos tão enraizada nos seus dias quanto nos nossos – de que simplesmente abster-se de descumprir os mandamentos era coisa capaz de garantir alguma recompensa ou de habilitar o adorador a exigi-la de Deus. Não contente em negar o conforto das listas de regras e proibições, o Filho do Homem insistia que na perspectiva divina nenhuma obediência tem recompensa ou a merece.

Na verdade, Jesus sugeriu mais de uma vez que a sensação de superioridade moral que acompanha uma vida de obediência estrita aos mandamentos é, em si mesma, a única recompensa que um religioso/carola deve esperar receber pela sua conduta.

Quem rege sua postura pela obediência aos mandamentos, insistia Jesus, não faz nada de mais e nada deve esperar em troca. A imitação de Deus requer uma bondade assertiva e uma generosidade vivida, não uma vida de recuos, desvios e melindres. Como ilustração espetacular desse modo de ver as coisas, em seu último discurso no evangelho de Mateus o Filho do Homem ousa condenar ao inferno não os pecadores que rebaixaram-se a fazer o mal, mas os religiosos que deixaram de fazer o bem.

Essa visão outorgava ao homem uma liberdade que tinha tanto de terrível quanto de sublime. O apóstolo Paulo maravilhou-se diante dela mais de uma vez. Por vezes usamos o seu “mas nem todas me convém” a fim de anular por completo o seu “todas as coisas me são lícitas”, porém isso é não fazer justiça à vertigem que ele detectou. Para recapturá-la seria preciso reescrever o seu hino como: “todas as coisas me são lícitas, e terei a hombridade de assumir responsabilidade por todas que eu fizer ou deixar de fazer”.

Um Deus que sonhava para os seres humanos uma vida de plena maturidade, sem recalques mas sem descontos, mostrou-se incrível e exigente demais para ganhar verdadeira popularidade.

Ao sugerir que seu Pai não recompensava a obediência, mas esperava uma gentileza assertiva mais do que uma obediência neurótica a regulamentos, Jesus requereu uma profunda e intransigente ressignificação da imagem que os homens faziam (e ainda tendem a fazer) de Deus. Não é de se admirar que poucas gerações de convertidos depois os cristãos já tivessem revertido à imagem tradicional da divindade, aquele que aceita os bons e rejeita os desobedientes.

Jesus, patrono da maturidade, perguntava a seus discípulos porque eles não discerniam por si mesmos o que era correto, e ensinava que as prostitutas chegam ao céu antes dos religiosos. Hoje em dia as igrejas, patrocinando a imaturidade, explicam que a Bíblia é uma norma inflexível de conduta, e ousam dizer a gente adulta, capaz de ler os evangelhos por si mesma, que criança boazinha é que vai para o céu.
 
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Após ler o texto, não resisti e escrevi um e-mail para ele. Segue o texto do e-mail que seria minha contribuição pessoal para o tema e, por isso, aqui é o melhor lugar para deixá-la registrada:
 
"Mais uma vez, leio seu texto (http://www.baciadasalmas.com/2011/o-acalentado-conforto-da-proibicao/) com a formidável sensação de alívio por alguém ter escrito tão bem o que vivo tentando dizer a mim mesmo. E, como me vejo no que fora descrito, tomo a liberdade de colocar um pensamento humilde sobre uma passagem mencionada. Na questão da liberdade sem limites que Jesus propunha e que Paulo apresenta em seu texto de I Cor 6:12, no qual afirma "que todas as coisas me são lícitas", não imagino que o foco contrário a essa frase seja a mencionada "mas nem todas me convém", e sim, o quase esquecido "mas eu não me deixarei dominar por nenhuma". A única coisa que não convém, passa a ser, então, aquilo que eu permito que me domine, que me toma a liberdade para a qual Cristo me chama e, inclusive, morreu para que eu a possua. Somente quem é livre pode amar verdadeiramente e até o fim, como Jesus propõe e age, sendo nosso exemplo. Por isso, na busca de aprender mais sobre essa liberdade plena, a frase que proibe (nem todas me convém) não pode ser desconectada da frase que liberta (todas as coisas me são lícitas) exatamente pelo elo que apresenta a liberdade (eu não me deixarei dominar por nenhuma - nem lícitas, nem ilícitas, nem convenientes, nem inconvenientes - mas amarei sempre, e c om minha vida, seja isso lícito, ilícito, conveniente ou inconveniente). É isso que gostaria de compartilhar com esse amigo virtual/invisível que tem expressado algumas de minhas inquietações e me feito imaginar que, ainda que feito de carne, não estou tão sozinho assim nesse universo. Abraços, em Cristo."

domingo, 20 de novembro de 2011

Justiça

A cada dia que passa fico mais irredutível de que esta palavra não existe a não ser em utopias. Ao menos, se existe (e quero continuar crendo que exista), não sabemos utilizá-la, pois, quando dizemos que algo não é justo, o nosso intuito parece sempre dizer: "isso não foi justo para mim", ou ainda, "eu me prejudiquei com isso".
Se é para ficar bravo pela falta de justiça, ou, na linguagem das Bem-aventuranças, ter fome e sede de justiça, é hora de compreendermos Justiça como sendo um Amor sem medidas, capaz de dar e perder, sem precisar pensar que há injustiças nesses atos.
Fome e sede de justiças são saciadas exclusivamente por atos de amor.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Imaginação

Imaginação é o querer demais.
E é essa querença de coração que faz tudo real. Que faz o desejo se concretizar.

Pranto em Dança

Meditando sobre o livro de Henri Nouwen "Transforma meu pranto em dança", pensei que o título é bem inspirador. Transformar pranto em seu antônimo, o riso, a alegria, é uma mudança que parece não confrontar diretamente o problema, pois, o pranto, é situação cotidiana em nossas vidas, bem como a alegria e o riso. Não parece adequado viver mascarado para ficar alegre. A questão parece que, para mim, pelo menos, nunca é "mudar" de estado, mas saber viver bem em toda situação.
Assim, em seu livro, Nouwen é magistal ao indicar que o sofrimento é uma dança e que o Criador nos convida a dançar e quer nos ensinar os passos.
Toda dança, ainda que triste, é bela em sua essência. E essa beleza transforma. Toda dança, ainda que represente a dor, eleva nosso espírito mais do que o riso.
Enfim, todo dançarino, após seu espetáculo, seja ele doloroso ou vibrante, se encontra extenuado, mas com uma satisfação tamanha que é, então, capaz de, com seus gestos desconhecidos pelos amadores mas tremendamente insólitos, convidar à dança aqueles que se encotram estáticos diante da dor.
A dança transforma, consola, agrega, e, ao mesmo tempo, não me obriga a disfarçar a dor mas a usa como mote para algo divino.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pensamentos

Lendo o livro Fonctionnaires de Dieu de Eugen_Drewermann deparei com a seguinte frase: (transcrever depois).

Fiquei, realmente, pensativo nessa questão, principalmente, porque não tenho conseguido compreender mais o amor de Deus (amor falando de Deus não é possível utilizar a preposição 'de' como se fosse uma parte de Deus, mas, como a Bíblia O define como SER Amor, e não apenas tendo amor, o melhor seria Amor-Deus, eu penso), ou o Amor-Deus (ou o normal, ainda que não mais tão expressivo face o desgaste do termo, Deus-Amor) como nas formas que tenho sido ensinado até o momento.
Friso que a linguagem, para se referir a Deus, jamais será efetivamente conclusiva, mas, como não conseguimos nos expressar de outra forma além da linguagem, é assim que tem de ser.
O Mistério Divino, como escreveu Leonardo Boff, sempre nos leva à estupefação e ao silêncio contemplativo, porém, o silêncio é sempre após a busca e ao suor do estudo e pensamento, não antes, para não ser preguiçoso. Portanto, antes de me calar, preciso pensar, e pensando, escrevo para admirar o Mistério após a escrita. Creio que Deus não tem receio de nossos pensamentos.
Bem, continuo...
Não consigo compreender bem um Amor que faz seu Filho morrer. E isso contrasta pelas seguintes passagens:
- Se vocês são maus e sabem dar boas coisas aos seus filhos ...
- Eis o meu filho amado ... a ele ouvi!
- A parábola dos lavradores maus.
- O sinal de Jonas.
- A história de Jonas.
- João 1: 10-12.
- Abraão e Isaac (conforme a exegese de Hebreus).
- João 3: 16 (onisciência, vontade e determinismo - ou, saber o que vai acontecer não significa fazer acontecer, nem querer que aconteça)

Antes de ser herege, compreendo a imprescindibilidade da morte de Cristo para a nossa salvação. Mas preciso entender melhor o Amor-Deus e a responsabilidade minha em toda essa situação.

É fato indiscutível o relacionamento de amor/partilha/união (cumplicidade é uma palavra que gosto, embora pericorese seja um termo teológico intrigante e que estou aprendendo a entender) entre as pesoas da Trindade. Assim, o Pai ama o Filho (apenas para ficar entre esses dois). E, igualmente, Deus ama Sua criação (na qual os Seres Humanos estão incluídos. Outro absurdo do qual tenho tentado me livrar, e por vezes atos-falhos acontecem, é o de pensar que Deus quer salvar apenas os Seres Humanos, quando, na realidade, penso que a real salvação EM CRISTO engloba toda a CRIAÇÃO. Relevância ou Preferência, ou ainda, qualquer outra palavra que limite a salvação ao Humano, demonstra apenas nossa míope incompetência/arrogância/egoísmo e necessidade de sermos salvos)

continua depois ...

domingo, 6 de novembro de 2011

Papai Noel

Hoje, 06/11/11, foi a Confraternização de algumas famílias da turma do Mateus. Ocorreu no Clube Santa Mônica. Foi muito gostoso, mas a surpresa, para mim, deu-se há um mês atrás, no início dos preparativos para a festa.

De supetão, recebi um e-mail sobre a festa e a confirmação e, além disso, um pedido: Você poderia se vestir de Papai Noel e entregar os presentes das crianças? O pedido veio de forma tão casual e sincera que fiquei completamente sem jeito para recusar. Perguntei se não seria melhor outra pessoa; se já havia sido questionada outra pessoa para atuar nesse papel, e, para minha surpresa maior, eu tinha sido o primeiro a ser questionado para isso.
Como disse, fiquei sem o que dizer e acabei aceitando. Afinal, seria apenas se vestir de Noel, fazer Ho-Ho-Ho e entregar uns presentinhos. O que haveria de mais nisso.
Bem, primeiro, eu não sabia como fazer isso. Depois, eu nem acredito em Papai Noel. Aliás, eu até sou meio contrário a isso tudo. Mas, o convite foi tão inusitado que eu não sabia nem como me negar a interpretar o Seu Nicolau.

Deixei o tempo passar e alguns dias depois do convite, mais exatamente em 25/10/11, pensando sobre o assunto, me veio uma frase na cabeça: "A imaginação é o que nos permite criar o mundo. Ela é maior do que o real. Ela é o que faz com que nossos desejos se realizem. Vocês me desejaram e aqui estou. Eu sou fruto da sua imaginação, mas é a imaginação o que faz os desejos reais."

Assim, pensei cá com meus botões: Já que não acredito nesse negócio, acho que essa frase seria a saída para ligar esses dois mundos, ou seja, os que acreditam e os que já não acreditam mais. Então, achando que tinha resolvido tudo, fiquei mais tranquilo e esperei a data do evento.

Ontem, fiz os últimos preparativos, mas, ao acordar, me veio à mente todo um texto que eu precisava escrever em algum lugar antes que eu o perdesse. Fiquei muito feliz com a "revelação" que tive e acabei usando-a como o discurso do Papai Noel com as crianças. Foi, inclusive, uma lição para mim mesmo, e para não esquecer, registro o texto que escrevi, pois, quem sabe, algum outro Papai Noel "crente-descrente" possa utilizá-lo:

"Crianças, vamos conversar um pouco.
Sabe, eu tive de começar a entregar os presentes antes do Natal. Aliás, o que é que comemoramos no Natal? Isso mesmo, o nascimento de Jesus Cristo, e isso é muito importante. Então, tive de começar a entregar os presentes mais cedo porque como vocês sabem, há 7 bilhões de pessoas no mundo, e isso é muuuuuuuita gente. Então, para não atrasar, pensei em começar as entregar mais cedo.
E como eu tinha de começar por algum lugar, escolhi aqui em Curitiba, no Brasil. E isso por dois motivos. Primeiro, porque o Brasil é um lugar muito gostoso de viver. Eu moro no Pólo Norte e gosto de lá, principalmente, porque eu nasci lá e onde eu moro é muito tranquilo para trabalhar. Mas se eu fosse escolher outro lugar para morar seria no Brasil. Aqui é quente, gostoso, colorido, bonito. E, no Brasil, o melhor lugar para morar eu penso que seria Curitiba, pois, além de ser no Brasil, é o único lugar no mundo que faz frio todos os dias do ano, não importa a estação do ano, e isse me lembraria do Pólo Norte e evitaria a saudade.

Mas eu preciso contar um segredo para vocês, porém, antes, eu quero saber: Quem obedeceu ao papai/mamãe esse ano? E ao vovô/vovó? Titio/titia? Muito Bem! Isso é mesmo importante.
E quem ajudou aos professores e aos colegas da sala de aula, também? Parabéns! Os professores precisam da ajuda das crianças para que todos possam aprender juntos. E são vocês quem devem ajudar os professores e aos colequinhas. Combinado?!?

Mas agora, vou contar o segredo:
- Alguns, aqui, têm medo de mim, sabiam?!?
- Alguns outros, pensam que eu sou de verdade.
- Outros, pensam que sou de mentida.
- E alguns adultos acham que eu estou pagando um mico vestido desse jeito com todo esse calor.
E é correto dizer que todos estão um pouquinho certo em tudo isso que pensam. Vou explicar.

Quando o Papai do Céu criou a todos nós. É, viu só, Papai Noel também acredita no Papai do Céu e em Jesus. Essa é, realmente, a coisa mais importante de todas.

Então, quando o Papai do Céu criou a todos nós, Ele gostou tanto, mas tanto, tanto, tanto, de nos ter criado que colocou em nós duas características que só Ele tem.
Isso é o que a Bíblia chama de "imagem e semelhança de Deus". Só o Papai do Céu é quem tinha essas duas coisas, e Ele colocou em nós quando nos fez.
Sabiam que muita gente nem sabe direito o que isso significa? O que significa "imagem e semelhançade Deus"? Mas eu vou explicar esse segredo para vocês e vocês poderão explicar para os outros depois.
Então, quando o Papai do Céu nos criou, Ele colocou em nós a IMAGINAÇÃO.
O que significa Imaginação? É a capacidade que temos de sonhar com coisas boas.
Sabiam que o Ser Humano já conseguiu ir até à Lua? Voar? E criar coisas fantástivas como a bicicleta, a cama, o telefone e o sorvete?!?!?! É isso mesmo! E como que isso tudo aconteceu?
Alguém sonhou que queria ir para a Lua, e foi sonhando, e sonhando, e trabalhando nesse sonho, e o sonho foi ficando maior até que se concretizou. Com o telefone e o sorvete também aconteceu a mesma coisa. Alguém sonhou: Hummm!, que legal seria term um sorvete para dividir com meus amigos. E sonhou tão forte, e trabalhou tanto, e fez o sonho ser verdade!

Mas eu disse que o Papai do Céu tinha dado DUAS coisas para nós. A primeira é a capacidade de sonhar com coisas boas. E a outra é a capacidade de fazer o sonho se tornar realidade. Então, nós podemos sonhar com coisas boas e fazer essas coisas boas acontecerem!
O problema é que nós vamos crescendo e esquecendo dessas duas capacidade que o Papai do Céu colocou em nós. Vamos esquecendo de sonhar com coisas boas e de fazê-las ser verdade. Assim, começamos a sonhar coisas ruins e o que é pior, fazemos as coisas ruins acontecerem.

Então, o Papai do Céu ficou preocupado com tudo isso e, para lembrar as pessoas de ouvir o que o Papai do Céu tem falado e nós não temos escutado, Ele me pediu para lembar as pessoas dessas duas capacidades que Ele deu para nós.
Mas parece que só as crianças tem prestado atenção nisso que o Papai do Céu falou: que nós devemos continuar sempre sonhando com coisas boas e fazendo sempre com que essas coisas boas aconteçam. Os adultos esquecem disso, mesmo o Papai do Céu lembrando a todos de que se nós não formos como crianças, se não tivermos o coração como de criança, sonhando coisas boas e fazendo-as acontecer, jamais poderemos entrar no Reino dos Céus.

Assim, é por isso que eu trago os presentes para as crianças. É uma forma de fazer um pacto, um combinado com cada uma das crianças que recebem o presente. O combinado de que aquele que recebeu o presente vai continuar sonhando só com coisas boas e fazendo com que esses sonhos bons se tornem realidade. É isso que o Papai do Céu quer!

Vamos fazer esse combinado? Vamos só sonhar com coisas boas e fazê-las realidade?

Então, eu vou dar esses presentes para vocês sempre se lembrarem do nosso combinado, está bem?!?! Viva!!!
Ah! e vocês tem de lembrar o papai e a mamãe disso, também, para que eles possam sonhar com vocês!"

=
Acordei de manhã, coloquei o filme "A Família do Futuro" para as crianças assistirem, voltei para cama, me enrolei um pouco e escrevi o texto acima. Terminando de escrever, fiquei um pouco mais na cama, e como já estava na hora de sair para a Confraternização, subi para desligar a TV.
Já estava na música final do filme e a Giovana me disse: Que legal! O menino sonhou com todo o futuro! E como é que ele vai conseguir realizar tudo aquilo!?
Quase chorei quando ouvi isso! Só pude dizer: Ele vai conseguir realizar tudo no futuro porque ele sonhou com tudo e vai trabalhar para que tudo se realize.
Toda a "complexa" verdade de Deus expressa em um filme e "complexamente" compreendida por uma criança de 7 anos!
Fiquei feliz e esperançoso de que um simples e descrente papai noel também pudesse ser usado pelo Papai do Céu para se revelar a alguns pequeninos.

Como a Giovana também arrematou na volta da festa: Como pode, né!? Tinha de ser Papai Noel alguém que nem acredita em Papai Noel!
Ela que, quando me abraçou para pegar seu presente com o "papai noel", me disse que, no carro, ela iria tirar um sarro de mim. De fato, tirou mesmo!

Que Deus continue usando nossa imaginação para falar conosco e se revelar a nós!

PS. É claro que, falando "ao vivo" com as crianças naquela tarde o texto não ficou bem desse jeito, mas eu penso que a lição foi aprendida, se não pelos pequeninos, por mim, com certeza!

domingo, 2 de outubro de 2011

Filemom

Escrita por Paulo, provavelmente, na mesma época que escreveu a epístola aos Colossenses. Filemom deveria viver em Colossos e ter uma comunidade que se reunia em sua casa. Áfia e Arquipo, poderiam ser sua esposa e filho.
Algumas expressões são semelhantes em Colossenses e Filemom.
Os remetentes: Paulo e o irmão Timóteo (apesar de Paulo se definir diferentemente em cada uma das cartas ("apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus", "prisioneiro de Cristo Jesus");
Os votos iniciais: "a vocês, graça e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.
Orações:
a) sempre dou graças a Deus quando me lembro de vocês em orações;
b) "Oro para que a comunhão que procede da sua fé seja eficaz no pleno conhecimento de todo o bem que temos em Cristo" (Fil) - "orar por vocês e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual." (Col)

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Paulo Brabo - 2

De tempos em tempos, em função da internet, nos irmanamos de algum desconhecido. Fazemos dele um ponto de referência. Lemos tudo o que conseguimos. E começamos a pensar como o outro. Não de forma idêntica, mas, sim, gostamos de encontrar eco em algumas esquisitices, ou, mesmo, ecoar aquilo que jamais teríamos coragem de dizer (ou, quem sabe, capacidade mínima para imaginar). O pobre infeliz a quem eu importuno por gostar de seguí-lo (apesar dele não querer seguidores) ultimamente tem sido o Paulo Brabo, que me contagiou, em especial, pelo texto já citado aqui, bem como pelo texto sobre o livro Culpa e Graça de Paul Tournier. Achei que precisava registrar isso, ao menos, para me desculpar com ele :-).
Por último, um extrato de outro texto recente e que muito me agradou:
"Biblicamente falando – falo da minha fé -, a todos caberá receber o que não esperam, isto para alguns é graça, para outros será justiça."

Até a próxima, caro Paulo!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Paulo Brabo

Segue link para um texto do Paulo Brabo a respeito da Igreja, Sexo, Homossexualidade, Amor.

A Bacia das Almas fomentando uma das perspectivas, para mim, mais esclarecedoras a respeito dos temas tratados pelo autor. Os ideais cristãos da igualdade extrema e do amor incondicional. Um grande texto, difícil de ser digerido e com desdobramentos inimagináveis para o momento. Acho que devo mandar esse texto para o André Egg :-).

Eis o link: Sexo entre pares: o homem romântico e a era das relações igualitárias

terça-feira, 13 de setembro de 2011

Colossenses

1 - Paulo{1} e o irmão Timóteo

2 - aos santos e fiéis irmãos em Cristo que estão em Colossos: A vocês, graça e paz da parte de Deus {2} e do Senhor Jesus Cristo.
3 - Sempre agradecemos a Deus {3} quando oramos por vocês {4}
5 - por causa da esperança que lhes está reservada nos céus, a respeito da qual vocês ouviram por meio do evangelho {5}
6 - que chegou até vocês. Por todo o mundo este evangelho vai frutificando e crescendo {6}.
7 - Vocês o aprenderam de Epafras {7}
8 - que também nos falou do amor que vocês têm no Espírito.



Por essa razão, desde o dia em que o ouvimos, não deixamos de orar por vocês e de pedir que sejam cheios do pleno conhecimento da vontade de Deus, com toda a sabedoria e entendimento espiritual.



E isso para que vocês vivam de maneira digna do Senhor e em tudo possam agradá-lo, frutificando em toda boa obra, crescendo no conhecimento de Deus e



sendo fortalecidos com todo o poder, de acordo com a força da sua glória, para que tenham toda a perseverança e paciência com alegria,



dando graças ao Pai, que nos tornou dignos de participar da herança dos santos no reino da luz.



Pois ele nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino do seu Filho amado,



em quem temos a redenção, a saber, o perdão dos pecados.



Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação,



pois nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam tronos ou soberanias, poderes ou autoridades; todas as coisas foram criadas por ele e para ele.



Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste.



Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia.



Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude,



e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas, tanto as que estão na terra quanto as que estão no céu, estabelecendo a paz pelo seu sangue derramado na cruz.



Antes vocês estavam separados de Deus e, em suas mentes, eram inimigos por causa do mau procedimento de vocês.



Mas agora ele os reconciliou pelo corpo físico de Cristo, mediante a morte, para apresentá-los diante dele santos, inculpáveis e livres de qualquer acusação,



desde que continuem alicerçados e firmes na fé, sem se afastarem da esperança do evangelho, que vocês ouviram e que tem sido proclamado a todos os que estão debaixo do céu. Esse é o evangelho do qual eu, Paulo, me tornei ministro.



Agora me alegro em meus sofrimentos por vocês, e completo no meu corpo o que resta das aflições de Cristo, em favor do seu corpo, que é a igreja.



Dela me tornei ministro de acordo com a responsabilidade por Deus a mim atribuída de apresentar-lhes plenamente a palavra de Deus,



o mistério que esteve oculto durante épocas e gerações, mas que agora foi manifestado a seus santos.



A eles quis Deus dar a conhecer entre os gentios a gloriosa riqueza deste mistério, que é Cristo em vocês, a esperança da glória.



Nós o proclamamos, advertindo e ensinando a cada um com toda a sabedoria, a fim de que apresentemos todo homem perfeito em Cristo.



Para isso eu me esforço, lutando conforme a sua força, que atua poderosamente em mim.
 
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1 - Quem é Paulo? v. 1 = apóstolo de Cristo Jesus pela vontade de Deus.
2 - Quem é Deus? v. 2 = nosso Pai
3 - Quem é Deus? v. 3 = o Pai de nosso Senhor Jesus Cristo
4 - O que Paulo tem ouvido sobre os Colossenses? v. 4 - pois temos ouvido falar da fé que vocês têm em Cristo Jesus e do amor por todos os santos

5 - O que é o evangelho? v. 5 = a palavra da verdade

6 - O que o evangelho tem feito em Colossos? v. 6 = frutificando e crescendo entre vocês, desde o dia em que o ouviram e entenderam a graça de Deus em toda a sua verdade.
7 - Quem é Epafras? v. 7 = amado cooperador de Paulo e fiel ministro de Cristo.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Pregação - Rubem Alves

Transcrição de uma pregação de Rubem Alves que encontrei em um site.
O site é: "resistência protestante".
Adorei a pregação e a transcrevo abaixo com medo de que a perca. Ei-la:

http://resistenciaprotestante.blogspot.com/2007/08/rubem-alves-e-reforma-protestante-rubem_2331.html

August 10, 2007


Rubem Alves e a Reforma Protestante





Rubem Alves foi pastor presbiteriano, mas saiu do ministério e se afastou do Evangelho. O texto abaixo revela um pouco de suas crenças atuais. Trata-se da transcrição da gravação de um sermão pregado no dia 31 de Outubro de 2003, no Culto da Reforma, na Igreja Presbiteriana de Copacabana, no Rio de Janeiro.



Símbolos usados na transcrição:

[...] = gravação truncada ou incompreensível

[R.A.] = risos do auditório



[...] [R.A.] para se falar alguma coisa sobre a Reforma, mas eu fico perguntando: “depois de ouvir Bach o que é que há pra ser dito sobre a Reforma? Eu sou um jardineiro, não acho que Deus é jardineiro ...

Há muitos anos, muitos anos mesmo que eu preguei nessa igreja. A igreja era diferente – era menor. E eu me lembro perfeitamente que [...], quando eu era estudante no seminário e eu preguei, me lembro, sobre o texto: Coríntios, [...] a língua dos homens e dos anjos, se não tiver amor, [...] e quando eu entrei nesse lugar eu me lembrei de um poema de Mário (sic) Antônio Gonzaga que é um dos poetas da Inconfidência. E nesse poema ele descreve uma visível visita que ele fez a lugares amados, cachoeiras, riachos, campos, montanhas. E ele visitava aqueles lugares e ele tinha a sensação que os lugares haviam se transformado, eram diferentes. Aí, a cada lugar que visita, ele acrescenta um refrão: “são este os sítios, são estes, mas eu mesmo não sou/ Marília me chamas, espera que eu vou.” E aí ele vai de lugar a lugar. Até que no final ele diz: “Mas como [...], as coisas são as mesmas, estão no mesmo lugar, como é que eu olho todas as coisas diferentes.” Aí ele diz: “mudaram-se os olhos e triste sou”. Ele estava indo para o degredo. Eu não estou indo para o degredo, mas os meus olhos de hoje são muito diferentes dos olhos de há 50 anos atrás que, eu imagino, foi quando eu preguei aqui nessa igreja. Os olhos, os olhos...

Ahn... os olhos são o início da experiência religiosa. Todos os poetas e todos os místicos sabem que a coisa começa é com uma modificação do olhar. E os orientais, os zen-budistas eles falam da experiência de “sacolho”. Que que é “sacolho”? Eles dizem que é repentinamente abrir seu terceiro olho e a gente vê coisas que a gente não via antes. Foi assim que aconteceu com os discípulos de Emaús. Eles estavam andando com Jesus e Jesus falava e eles não viam nada, mas foi no momento quando Jesus partiu o pão que os seus olhos se abriram e eles perceberam. Foi isso provavelmente que aconteceu também com Sidarta [Buda]. Ele repentinamente ele teve a visão de que a vida é como um rio. Todas as coisas são passageiras, e ele se assentava na beirada do rio para conversar com o rio e o seu melhor companheiro de conversa era o barqueiro que sabia todas as coisas acerca do rio.

[...] que repentinamente no meio do mocho da igreja medieval descobriu a beleza das campinas, das flores, do Sol, da Lua, dos regatos, e percebeu que todas as coisas eram vãs. Ou então de Albert Schweitzer que no meio da selva da Africa, uma vez, andando de canoa de noite, ouvindo o pulsar da floresta, os animais da floresta, ele percebeu então que o grande princípio da sua filosofia era a reverência pela vida. Um poema tão conhecido – não vou ler o poema inteiro que ele é muito grande –, mas vocês compreenderão. Não é um poema religioso, não é religioso, eh...o poema diz: “(..) ele erguia casas/Onde antes só havia chão/Como um pássaro sem asas/Ele subia com as casas/Que lhe brotavam da mão/Mas tudo desconhecia/Da sua grande missão/Não sabia por exemplo/Que a casa de um homem é um templo/Um templo sem religião/Como tampouco sabia/Que a casa que ele fazia/Sendo a sua liberdade/Era a sua escravidão./De fato, como podia/Um operário em construção/Compreender que um tijolo/Valia mais do que um pão?/Tijolos ele empilhava/Com pá, cimento e esquadria/Quanto ao pão, ele o comia/Mas fosse comer tijolo!/E assim o operário ia/Com suor e com cimento/Erguendo uma casa aqui/Adiante um apartamento/Além uma igreja, à frente/Um quartel e uma prisão:/Prisão de que sofreria/Não fosse eventualmente/Um operário em construção./Mas ele desconhecia/Esse fato extraordinário:/Que o operário faz a coisa/E a coisa faz o operário./De forma que, certo dia/À mesa, ao cortar o pão/O operário foi tomado/De uma súbita emoção/Ao constatar assombrado/Que tudo naquela casa/Garrafa, prato, facão/Era ele quem fazia/Ele, um humilde operário/Um operário em construção./Olhou em torno: gamela/Banco, tigela, caldeirão/Vidro, parede, janela/Casa, cidade, nação!/Tudo, tudo o que existia/Era ele quem fazia/Ele, um humilde operário/que exercia sua profissão./Ah, homens de pensamento/Não sabereis nunca o quanto/Aquele humilde operário/Soube naquele momento/Naquela casa vazia/Que ele mesmo construíra/Um mundo novo nascia/De que nem sequer suspeitava./O operário emocionado/Olhou sua própria mão/Sua rude mão de operário/De operário em construção/E olhando bem para ela/Teve um segundo a impressão/De que não havia no mundo/Coisa que fosse mais bela” [...] desse poema do Vinícius. Vocês devem ter se [...] nos discípulos de Emaus. Foi ao partir do pão, ao partir do pão, que os olhos se abriram aos discípulos de Emaús. Ao partir do pão, o operário percebeu assombrado e repentinamente aquelas coisas comuns: gamela, garrafa, faca, ahn... tigela... ele percebe que um novo mundo nascia, naquela casa que ele mesmo construíra.

Então é isso o que é a experiência religiosa, a experiência de repentinamente a gente ver coisas que a gente nunca viu. Aliás, Jesus já tinha falado sobre isso. Ele disse: “os olhos são a lâmpada do corpo; se os seus olhos forem bons, o teu corpo será luminoso, se os teus olhos forem maus, o teu corpo será tenebroso.”

[...] coisas, eu vim aqui pra falar sobre a Reforma, Lutero [...] repentinamente ele olhou para o pesadelo medieval, porque o Mundo Medieval era um grande pesadelo. Lutero olhou para aquele pesadelo, produzido por olhos teneborosos e ele viu uma coisa que ninguém jamais havia visto: o mundo repentinamente se transformou num jardim. Lutero... e nessa Igreja Presbiteriana eu quero confessar [...] [R.A.] [...], porque Lutero era mais [...] gostava mais da vida. Calvino era muito ascético, ele era muito sério, então, para mim, o grande herói da Reforma, que teve a visão, o que teve a visão, foi Lutero.

Quero dizer que eu nasci numa igreja protestante. Meus pais não eram protestantes, nem eu freqüentei igreja protestante. Eu era protestante sem saber. O Guimarães Rosa tem uma [...] que diz assim: “o que eu vou saber, sem saber eu já sabia.” Sem saber, eu já sabia que eu era protestante, sem saber. Eu vou explicar isso pra vocês. [...] apaixonado por música e eu devo dizer a vocês que há apenas uma criatura no mundo que eu invejo: são os pianistas e os organistas [R.A.], porque eu tentei, mas não consegui. Não basta ter vontade, porque Deus é muito cruel. Tem aquele salmo que diz assim: “não adianta levantar cedo e trabalhar o dia inteiro, porque Deus àqueles que ama, ele dá enquanto dormem.” [R.A.]. Acorda! Acorda! Acorda! [R.A.] Porque vocês já ouviram falar que um ponto central na Reforma é a idéia de graça. E hoje a gente vai falar sobre graça. Graça e obra. Obra é a gente varrer [...] e eu estudei muito piano, estudei muito piano, eu estudei mais piano que Nelson Freire [R.A.]. Nelson Freire nasceu na minha cidade. Minha mãe ensinou a mãe dele tocar piano. E eu estudava oito horas por dia e o Nelson Freire não precisava estudar. Uma vez, eu tinha sete anos de idade, tava trabalhando na [...] já havia uns seis meses, tava perto de um piano, aí chegou aquele pirralho mal educado lá em casa com a mãe dele [R.A.] [...], não cumprimentou ninguém. Viu o piano aberto, [...] eu tava estudando há seis meses. Ele olhou, sentou e tocou. Aí eu compreendi que Deus tinha dado a ele enquanto ele dormia [R.A.] Ó, isso é um princípio fundamental da Reforma. Sabe que as coisas, não é por esforço, não, as coisas são dadas. Mas daqui a pouco a gente pega isso de novo.

Pois, então, deixa eu explicar pra vocês. Eu gosto muito de ouvir música quando eu tô trabalhando, e geralmente pra trabalhar com música, tem que ser uma música... não pode ser Brahm, não pode ser Mahler, não pode ser o quinto concerto de Bethoven, tem que ser uma coisa... ah... um barroco assim, baixinho. Mas nesses dias eu tava com um CD, que eu nunca tinha ouvido. Uma sonata para piano e violino de César Franck [...] Aí cheguei lá, abri meu micro, retirei o CD, comecei a trabalhar. Daí a pouco as lágrimas estavam escorrendo. E eu parei e fiquei me perguntando: “Mas o que é isso? Por que se é que eu nunca ouvi isso... Por que eu tô chorando?” Eu sei, a resposta é: é porque é belo. As coisas belas fazem chorar. Mas o que que é uma coisa bela? Porque que uma coisa é bela? Aí, eu tive que me valer de uma teoria de um grande filosófo. Dizem assim que toda a filosofia ocidental é uma nota de rodapé da sua Filosofia... que é Platão. E Platão tinha a estranha idéia... Ele contava mitos, inventava histórias... e muitas são parábolas. E ele diz que antes de nós nascermos, nós contemplamos todas as coisas belas, boas e verdadeiras. E quando nós nascemos, nós esquecemos estas coisas, mas elas ficam adormecidas dentro de nós. Igual aquela história da Bela Adormecida. Vocês se lembram? Se lembram da Bela Adormecida? A coisa bela foi acordada quando ela recebeu um beijo de amor. Acontece a mesma coisa com a música. Eu acredito que todas as coisas belas estão adormecidas dentro de nós e os artistas são esses seres, são esses anjos privilegiados que têm a capacidade de se lembrar da coisa, e quando ele toca a coisa que eu sinto bela, não é porque seja coisa nova, é porque aquela beleza tá dentro de mim. Então César Franck não é Cesar Franck, sou eu. Mozart não é Mozart, sou eu. Éh... Bach não é Bach, sou eu. E é por isso que eu choro, eu vibro; e a prova de aquela coisa sou eu é que quando eu estremeço, eu choro e vibro, porque está dentro de mim.

Ah...Você sabia, era isso que eu queria dizer que o protestantismo já tava dentro de mim, eu já sabia, eu já sabia, eu tava lá [...] talvez até antes de Lutero. Há um educador português. Os portugueses são maravilhosos, viu?. Oh! Gente inteligente! [R.A.]. [...] e esse educador português tem a seguinte frase... vários educadores... “só se aprende o não essencial, o essencial somo-lo”. Eh... aquele português falaria pro Jânio Quadros: somo-lo; somo-lo; somo-lo [R.A.]. O essencial nós somos, quer dizer, a coisa tá dentro de mim. Não me foi ensinado. O protestantismo não foi ensinado, o protestantismo tava dentro de mim. E é isso que eu acredito: que as experiências religiosas estão adormecidas dentro de nós. Não só as experiências religiosas, mas experiências amorosas, porque, na verdade, experiências religiosas e amorosas são a mesma coisa. Deixa eu dizer, então, pra vocês um verso do Fernando Pessoa, que é a mais linda declaração de amor que eu já ouvi que explica isso. Ele diz o seguinte: [...] “Amei-te já muito antes, tornei a encontrar-te, quando te achei, logo que achei, te conheci? Não, você já estava dentro de mim. Eu já te amava sem saber, mas de repente ao te encontrar, [...] tornei a encontrar-te quando te achei.” E é isso que eu sinto. [...] uma coisa dentro de mim que quando eu soube da Reforma eu descobri que era aquilo. Mmas o que é isso que eu encontrei de novo? O que é isso que eu encontrei de novo? O que que é isso que está dentro de mim de que eu me lembro? É uma coisa chamada sonho. A Reforma é um sonho d´alma humana. É o sonho de que nós somos seres alados. Vou repetir: a Reforma é um sonho de que nós somos seres alados [...] vocês não sabem, eu preciso que vocês fiquem sabendo: sonhos são a nossa substância. Nós somos feitos de sonhos, quem diz isto é Shakespeare. Não só Shakespeare, Freud diz a mesma coisa. Não apenas Freud, todos os poetas sabem disso. Que nós somos sonhos. Onde moram os sonhos? Vocês sabem que Freud falou-o: o consciente, o inconsciente. O que que é o consciente? O consciente é a cabeça da gente. As coisas que a gente sabe, as coisas banais. O que que é o inconsciente? O inconsciente é o lugar onde mora o amor, de onde brotam as coisas belas, a alegria, a tristeza, a esperança. E é também o lugar onde rastejam monstros, é o lugar dos pesadelos, das violências dos horrores. Então esse lugar chamado inconsciente é o lugar de paraísos e infernos; e esses paraísos e infernos estão permanentemente em luta uns com os outros. Então, sonhos são essas profundezas do indivíduo. E as religiões? As religiões são sonhos da coletividade. Sonhos e muitos sonhos.

Lutero nasceu em num mundo de pesadelos. Se vocês quiserem saber como eram os pesadelos medievais, vejam as telas daquele pintor Jerônimo Bosch. Um surrealista, quinhentos anos antes do Surrealimo. Algumas telas do Bosch elas são tão monstruosas. Aliás, uma delas se parece muito com um quadro protestante chamado “os dois caminhos”, não sei se vocês sabem. O que tem acontecido com o protestantismo é que o protestantismo, depois de voar, depois de voar muito e... Eu conto a história no final pra vocês. Do Pato Selvagem. Eu conto a história...

Ah... O Bosch é um autor de monstros. O inferno, o inferno de Bosch é uma coisa pra gente não dormir mais, mas não precisa falar no inferno de Bosch. A gente pode pensar num pintor da Renascença, por exemplo, éh... éh... Michelangelo. A tela da Capela Sistina, o Juízo Final, Cristo maravilhosamente atlético, forte; e é hora do julgamento e não há nem um sorriso de piedade em Jesus Cristo, porque lá está o juiz, que agora vai fazer os acertos finais; e lá estão os condenados como se fossem contorcidos de medo sendo arrastados pelos demônios para o inferno. Esse é o mundo medieval. O juiz que não perdoa.

A doutrina cristã da expiação, vocês sabem da história da expiação, que Jesus Cristo morreu para pagar os nossos pecados. Pagar? Esse ensejo não tem nada a ver com amor! Porque Deus não perdoa! Então ele fez matar o seu filho para pagar a sua dívida. [...] Deus é um sádico que para ficar feliz tem que matar o filho? Quem pensou isso nunca teve filho! Porque vocês sabem... quem é pai sabe que é sempre o pai que se deixa matar para que o filho viva, mas é isso que pelo caminho inconsciente e perturbado o cristianismo medieval elaborou como sendo a fé. Então era aquele mundo do Deus vingador sádico. Ah! Como Deus é sádico! [...] tem um texto que diz assim: “Deus e os salvos, nos céus, contemplarão os condenados no inferno nos explendores do seu sofrimento para que sua alegria seja completa.” [R.A.] [...] absolutamente ortodoxa, essa [...] quer dizer que não é ortodoxa? Deus é Onisciente? É. Então ele sabe o que está acontecendo no inferno? Sabe. Ele pode sofrer com o que está acontencendo no inferno? Não. Por que que não pode sofrer? Porque ele é Onipotente. Se está assim no inferno é porque ele quis, ou seja, não é contra a vontade dele, porque se fosse contra a vontade, então ele não seria Onipotente. E se ele sofresse, ele não seria perfeito, porque Deus não pode sofrer. Então a única resposta é que Deus tem que ficar feliz ao contemplar o sofrimento dos condenados no inferno. Para mim, isso não é Deus, para mim, isso é o retrato do demônio! Mas era precisamente esse Deus que estava no céu no mundo medieval. Um mundo de câmaras de tortura. De degredo. O mundo é um lugar de degredo. Há uma oração, e que os irmãos católicos me perdoem, mas eu vou dizer. É uma oração que tá no rosário do terço que se chama Salve Rainha, Rainha, que diz assim: “nós, os degredados filhos de Eva, neste vale de lágrimas, nos lamentamos” . Degredados filhos de Eva, neste vale de lágrimas. Então isso aqui não é mais o paraíso, não é criação de Deus? E esse era o mundo em que viviam os medievais, e como Deus tem uma transa comercial em que as dívidas são pagas, havia uma agência bancária que tinha transações com outro mundo. Aliás, as agências tinham um negócio que se chamava caixa dos méritos super rogatórios. Vocês já ouviram falar nisso? Isso é termo teológico. Caixa dos méritos super rogatório é o seguinte: os santos, quando eles fazem bondade mais do que é necessário para a salvação, esse excesso de poupança fica numa caixa. Fica uma poupança geral, que é de posse da igreja. [R.A.] [...] É verdade, gente! É verdade! [R.A.]. Péra, eu não tô dizendo que é verdade... eu tô dizendo que essa é uma doutrina! [R.A.]. Bom aí o que que acontecia... Aí vocês vão compreender uma coisa, um incidente que provocou a reforma. Foi quando a igreja éh... éh... precisando de dinheiro, resolveu lançar bônus no mercado [R.A.] Eram as famosas... éh... éh... indulgências de Tetzel. Por quê? Porque a igreja tinha um lastro. Tinha um lastro grande de poupança para vender, então você vendia e trocava os méritos espirituais por dinheiro. Era um negócio que a igreja fazia. Foi um grande escândalo. Mas, sabe, a Reforma não foi para resolver isso não. Lutero não é um reformador, eu não gosto dessa palavra. Ele não era um reformador. Porque Reforma, vocês sabem o que que é Reforma? A casa tá com a parede descascada, você vai lá conserta a parede, você pinta a parede. Lutero não tinha o menor interesse em consertar aquela estrutura, aquela escuridão, aquela coisa absolutamente terrível, um inconsciente perturbado de pesadelos.

Deixa eu fazer um cortezinho aqui e contar pra vocês sobre um compositor austríaco chamado Gustave Mahler. Mahler era um compositor e regente austríaco-judeu e ele se converteu ao catolicismo para manter o seu emprego. E Mahler era especialista em sinfonias. E a sua segunda sinfonia se chama sinfonia da Ressurreição em que ele descreve o drama cósmico da humanidade, da morte do inferno. E no último movimento, o quinto movimento, o clima é o seguinte. É o próprio Mahler que [...] é o próprio Mahler que descreve o que está acontecendo. O clima é: chegou o dia do juízo, as sepulturas se abrem, os mortos saem dos túmulos, reis e mendigos, justos e injustos, homens e mulheres, homens de todas as raças saem e há um grito de terror por todo o Universo porque chegou a hora do acerto final. É o trágico! O cenário está coberto de nuvens negras. Medo! Hora dos livros serem abertos. Aí, repentinamente, no meio desse horror, ouve-se o canto de um rouxinol [...] Depois do rouxinol, segue-se o canto de um coro. Imagino que devem ter cantado o coral de Bach, mansamente passam as ovelhas. Tudo é tranqüilo. Tudo é bucólico. E aí, naquele momento, quando vão se abrir os livros, onde está a... a contabilidade de Deus, percebe-se que não há nada escrito nos livros, Deus não tem contabilidade. E é só felicidade. Não há salvos e condenados. Não há inferno. Só existe a grande bondade de Deus que transborda sobre o mundo [...].

O cântico do rouxinol. No lugar do Deus Juiz ele colocou outra coisa. Ele colocou uma fonte de bondade no centro do universo. Deus é uma fonte de bondade. E é isso que tem o nome de graça. Fonte, água. O Riobaldo diz: “onde tem muita água, tudo é feliz”. E o Pequeno Príncipe comentando no deserto, ele diz o seguinte: o deserto é belo porque em algum lugar existe uma fonte. Eu diria, então, o Universo é belo porque no seu centro existe uma fonte que é a bondade de Deus. Essa bondade de Deus, biblicamente, eu acho que não está expressa de maneira mais bonita que naquela parábola que... a que os pregadores e teólogos deram erradamente o nome de Filho Pródigo. Erradamente, por quê? Porque a parábola não termina com o Filho Pródigo – tinha outro filho, mas, geralmente os pregadores terminam com o Filho Pródigo, porque eles têm interesse em dizer que Deus perdoa, “então nós somos pecadores, podem voltar para a casa, porque Deus perdoa”. Mas o que falar com o filho mais velho? Qual é o papel dele na parábola? Então, eu vou fazer uma paráfrase daquela parábola. Parábola vocês sabem é uma... é a mesma coisa dita com outras palavras. O filho pródigo volta pra casa, defronta-se com o pai, sorridente, o pai, e diz: “pai [...] todo o meu dinheiro e gastei; eu sou devedor, tu és credor. O pai diz pra ele: “meu filho, eu não somo débitos [...]”. Aí ele vai conversar com o filho mais velho que estava furioso [R.A.] [...]. Aí o filho... o filho diz para o pai: “pai, sempre trabalhei fielmente. Tu nunca me pagaste nada. Nem mesmo me deste um carneiro para [...] para alegrar com os meus amigos. Eu sou credor, tu és devedor.” O pai diz: “meu filho [...]” Eles viviam num mundo de débitos e créditos. Então a parábola não podia se chamar Parábola do Filho Pródigo. Teria que chamar a Parábola do Pai Amoroso. Foi precisamente isso que Lutero compreendeu – que Deus é uma fonte transbordante de bondade.

E isso então cria pra gente uma imensa liberdade. Não sei se vocês sabem que um dos tratados mais importantes de Lutero é um tratado da liberdade cristã. Liberdade, por quê? Pelo seguinte: se não há contas a pagar, eu estou livre das cobranças do banco; eu não preciso mais do banco que faz a intermediação. Então, eu estou livre da intermediação, no caso, eu não mais preciso da intermediação da Igreja Católica. E é isso o que quer dizer o sacerdócio universal dos crentes. Nós temos livre acesso. Podemos ir diretamente beber da água. Não precisamos comprar água engarrafada em algum lugar. Nós somos livres. E depois, olha uma coisa sobre a fonte. Essa idéia da fonte é muito bonita, porque a fonte, ela sempre produz água limpa a despeito do que nós possamos fazer com ela. Eu posso ir lá colocar excrementos, sujeira, lixo. A fonte não reage. A fonte não reage – ela continua a ser boa. E é isso o que quer dizer graça. Deus é sempre Deus. Deus não reage àquilo que nós fazemos. Ele não fica bravo com quem não obedece e fica [...] com os que são bonzinhos. Ele é sempre bom. Então, se ele é sempre bom, nós temos a liberdade pra fazer o que quiser, porque a fonte nos libertou e agora nós estamos tomados de amor, e se nós estamos tomados de amor, a liberdade é total. Éh... Santo Agostinho, perguntaram a ele como é que a gente deve agir. Ele respondeu: “ama a Deus e fazes o que quiseres”. Mas não é verdade? Porque se eu amo, eu posso fazer o que eu quiser. Porque se eu amo, eu só farei coisas que signifiquem amor ao meu próximo. Eu não tenho que pensar que eu tenho que fazer isso, tenho que fazer aquilo [...] O que que o padre diz... Porque agora eu tenho liberdade para viver a partir [...] Liberdade de pensar.

Liberdade de pensar é uma das coisas mais deliciosas. Eu sei que muitas pessoas ficaram muito aflitas, éh... na igreja porque eu vinha falar aqui [R.A.] [...] pensamentos esquisitos [R.A.]. Mas isso é parte da tradição da Reforma.

Sabe, olha, eu quero dizer o seguinte: se Deus é sempre amor, se Deus não dá bola pra o que nós estamos fazendo [...] porque ele é sempre amor, como pai, é sempre amor, então nós somos livres pra pensar o que nós quisermos. Posso ser herege à vontade! [R.A.] Deus não tá ligando pra heresia [R.A.] porque os nossos pensamentos são tão tolos que se uma pessoa pensar que ela tem o pensamento certo acerca de Deus, essa pessoa deve ser trancada num éh... sanatório, num manicômio, [R.A.] porque só um doido varrido pensa que sabe coisas sobre Deus, porque Deus é um grande mistério. No Velho Testamento até era proíbido falar o nome de Deus. Agora os teólogos fazem tratado de Anatomia e Fisiologia divina [R.A.]. É isso que é pecado. Então, eu sou livre pra pensar o que eu quiser. E eu que gosto muito de escrever história pra crianças, muitas das histórias que eu escrevo, parece que é pra criança, mas é pra adulto. São pra adulto. Eu, então, escrevi uma história dedicada aos teólogos que acham que tem o jeito certo de fazer as coisas. É a história de um galo que cantava pra fazer o sol nascer. Vocês sabem essa história? Uma história antiga [...] Havia no galinheiro um galo. Todo dia ele ia com as galinhas, e com os perus e com os patos. De manhã, olhava o horizonte lá, e ele dizia: “Vou cantar para fazer o sol nascer”. Subia lá em cima. Batia as asas. Cantava. E ficava esperando o sol nascer e o sol nascia. E a galinhada, os patos e os perus ficavam esticados: “Meu Deus, que poder tem esse galo! Ele canta e o sol nasce!” – mas era interessante o seguinte: que havia pelo vale a fora uma quantidade enorme de galos. Todos eles cantando e todos eles diziam que o sol nascia por causa do seu canto. E cada galo cantava de um jeito diferente. Um cantava com uma partitura. Outro cantava com a outra partitura [R.A.] [...]. Mas afinal de contas qual é a partitura certa para fazer o sol nascer? Ninguém sabia qual era a partitura certa, mas vai acontecer uma coisa. É o seguinte: que aquele galo um dia [...] perdeu a hora e ele acordou com as gargalhadas do peru – gargalhando porque ele tinha (...) o sol tava lá, maravilhoso. Começaram a rir do galo, compreenderam que aquilo tudo era lorota do galo, que ele podia cantar à vontade, ou não cantar, que o sol ia nascer do mesmo jeito. E o galo entrou numa grande depressão [R.A.] e aí ele descobriu que não tinha tanto poder. Aí depois de passado muito tempo, a galinhada acordou de manhã com o canto do galo. Aí um peru veio caçoando: “tá cantando pra fazer o sol nascer?” E o galo disse: “Antigamente eu era teólogo e cantava pra fazer o sol nascer. Agora eu sou poeta, e canto porque o sol vai nascer.” [R.A.]

Gente, isso aí é uma das coisas mais centrais do espírito da Reforma que significa que nós somos livres, não é? Não é pecado pensar errado, porque ninguém sabe o que é pensar certo. Então a gente pode pensar do jeito que for, que não tem ortodoxo e herege. E quem quiser dizer que o outro é herege não está entendendo direito o espírito da Reforma.

[...] Surge esse mundo com mares montanhas, praias, vales, rios, aves, bosques, crianças, pássaros, animais, [...]. Este mundo é bom. A vida é boa. Este mundo é uma dádiva. Temos o direito de gozar este mundo. Não é um vale de lágrimas. Não é um lugar de degredo para os desgraçados filhos de Eva. Mas é um lugar que Deus com a sua graça e a sua bondade criou.

Então, vejam uma coisa interessante. Graças a esse Deus, nós somos libertados dos pensamentos tolos acerca da vida futura. Que são tolos os pensamentos... Que a gente nada sabe... Mas a gente sabe só de uma coisa: Deus tomou conta de tudo, então eu não tenho com o que me preocupar, não há nada que possa fazer [...]. E aqui nós realizamos aquilo que Lutero chamava a Vocação. Eu sou chamado para viver nesse mundo, da mesma forma como Deus é chamado a viver neste mundo. Ele achou esse mundo tão bom que, depois de criar o paraíso, largou o céu dele e ficou lá, andando no paraíso. Não é verdade? Vocês vejam que coisa interessante. Deus pode fazer uma coisa pior? [...] cabeça de jovem de vocês. Deus pode fazer uma coisa pior? Não. Deus é perfeito. Ele só pode fazer coisa melhor. Mas Deus criou o paraíso. Quer dizer que o paraíso é melhor do que o céu onde ele estava. Por que se o céu fosse totalmente bom, ele não teria criado o paraíso. Estaria contente com o céu. Não é verdade? Ele criou o paraíso e a cada momento que ele criava ele dizia: É bom, é bom, é bom, é bom, é muito bom. E ele achou tão bom que ficou andando lá pelo jardim. Vocês se lembram? Ele ficava passeando pelo jardim pela viração da tarde e aí ele chegou à conclusão que era muito melhor ser homem do que ser Deus [R.A.]. Heresia? Não! Foi por isso que ele se encarnou! Ele se transformou em homem, porque é bom ser homem e ser mulher, ainda com o risco da morte. Segundo a doutrina ortodoxa o Deus humano, Jesus Cristo, está incluso na Trindade. Na Trindade está [...] que é para isso que nós fomos criados.

Deixe só dizer. Sei que vocês estão cansados. Deixe só dizer mais uma coisinha. Tem uma coisa estranha dentro [...] que é a separação dos dois reinos. Vocês sabem que pra eles existiam dois reinos? O Reino da Lei e o Reino da Graça. Os dois são separados. Vocês vão entender que é muito interessante. Éh... pra isso eu vou usar um exemplo. Éh... perdão, o organista... éh... como é o seu nome? [...] Sabe construir orgãos? Não, não sabe, não sabe construir orgãos... coitado [R.A.] Quem constrói orgãos são pessoas altamente qualificadas que têm conhecimento científico. Esse órgão aí, ele é regido por uma lei. Não pode ter nada de arbritário. As notas tem que ser afinadas exatamente no jeito. Não pode ter arbitrariedade. Mesma coisa com a construção de piano. O Steinway – que são os pianos mais famosos – quem constrói um Steinway são, são artistas que sabem precisamente os décimos de milímetro [...] construírem pianos ou de outros construírem órgãos, não quer dizer que eles saibam tocar piano. Eles não são compositores, os fabricantes de Steinway, os fabricantes de órgão. Os compositores, os executantes não sabem fazer o instrumento, mas sabem tocar. Os outros sabem fazer e não sabem tocar.

Lei e graça é assim: lei é fabricar a coisa, fazer a coisa. Graça é sentar e tocar. As duas coisas são separadas. Completamente diferentes. Então Lutero dizia que as coisas são separadas. O que que o Reino da Graça faz? O Reino da Graça nos torna bons, melhores, mas isso não nos dá competência. Quando eu vou procurar um médico, eu não quero saber se ele é cristão. Acho que, espero que vocês também não queiram. Que a gente quer um médico que seja competente. Eu quero é competência. Está no Reino da Lei. É. Se eu quero um mecânico, eu quero um mecânico competente. Sujeito que saiba dominar aquilo. Mas competente, não quer dizer que o competente seja bom de coração. Ele pode não ser bom de coração, mas ele ser muito competente. Então as duas coisas são separadas. E o grande escândalo que existe é que ele dizia que, também, a fé não tem nada a ver com política. O mundo da Graça não tem nada a ver com o mundo, com a ordem secular, com a política. Mas vocês vão entender. É o seguinte: a política não faz ninguém bom. Parece até o contrário. O que torna as pessoas boas é a fonte de água da vida. Essa fonte de água da vida, então me diz [...] “é preciso lutar pra preservar a natureza”. Mas esse amor pela natureza não me dá a competência para estabelecer políticas pra preservação da Natureza. Isso é uma coisa totalmente secular, ele tem que saber sobre floresta, sobre água, sobre rios, sobre mares. São coisas seculares, não estão nas Sagradas Escrituras. As Sagradas Escrituras não são livro de Ciência. As Sagradas Escrituras são um livro de poesia. Pela poesia, nós nos tornamos bons, pela Ciência, nós nos tornamos competentes.

Deixe só dizer mais uma coisinha. [...] leram aquele livro do Humberto Eco? O Nome da Rosa? É... no conselho medieval, nesse conselho havia um monge cego que achava que o maior pecado era rir. Ninguém se atrevia a rir na presença do irmão Pedro. No mundo do catolicismo medieval não era possível rir porque o mundo era realmente trágico, mas [...] descobre que não é aquilo que o rouxinol canta, então a gente tem a liberdade pra rir, então existe um elemento de humor ligado à Reforma é e por isso que um dos grandes pensadores reformados do século passado: R. Niebuhr. Ele dizia o seguinte: “o riso é o princípio da oração”, ou seja, pra orar a gente não pode se levar muito a sério não. A gente não deve nem acreditar nas coisas que a gente tá falando, tem horas que a gente fala tantas bobagens, tantas coisas. A gente tem que simplesmente confiar que Deus vai dar risada das bobagens que a gente tá falando. E a gente vai rir também, e a gente vai confiar que Deus sabe melhor do que nós as coisas. Então nós vamos rindo e na medida que nós vamos rindo, a gente vai dizendo a Deus assim : “olha, eu acredito na tua bondade, portanto eu não preciso ficar sério.”

[...] naquele dia ela fez uma história pra minha filha, e um dia eu viajava pro exterior e ela tinha 4 anos de idade. E ela começou a ficar muito angustiada por causa da viagem. Então eu disse a ela “vou te contar uma história”. E as histórias... ó eu não tenho a graça de tocar música assim, mas eu tenho a graça de escrever a história [R.A.].

E é uma coisa interessante [...] na história. É que a história não é um produto da cabeça não, ela aparece, é uma revelação [R.A.]. Então eu contei para ela a seguinte história. “Era uma vez uma menina que tinha por seu melhor amigo um Pássaro Encantado. O Pássaro era Encantado por duas razões: primeiro, porque ele não vivia em gaiolas e vinha quando queria. Segundo, porque ele vinha sempre com as penas coloridas nos lugares aonde ele tinha estado voando. Uma vez ele voltou completamente branco. Contou histórias com montanhas cobertas de neve. Outras vez, voltou completamente vermelho. Contou histórias de desertos cobertos pelo sol. Por que era grande a felicidade quando o pássaro e a menina estavam juntos. Mas sempre chegava o momento quando o pássaro dizia: “eu vou embora, menina”. E a menina chorava e dizia: “não vai não, pássaro, a gente é tão feliz” Aí o pássaro dizia pra ela: “Você não entende, menina, que eu sou só encantado por causa da saudade? É preciso que você tenha saudade de mim para que eu seja encantado. É preciso que eu tenha saudade de você pra que eu te ame. Então eu vou... pra sentir saudade, pra te amar.” Partia. A menina não se conformava, não acreditava no pássaro [...]. Então, ela teve uma idéia [...] Ela comprou uma gaiola de prata e disse: “vou prender o meu pássaro, e aí nós seremos eternamente felizes”. Foi o que ela fez. Comprou uma gaiola. Próxima vez que o pássaro chegou e contou as histórias, ele tava dormindo, e ela, cuidadosamente, [...] o pássaro e botou dentro da gaiola. De manhã, o pássaro acordou com um grito de pavor: “Ah! Menina, você não sabe o que você fez comigo. Você vai me destruir, eu vou deixar de te amar, você vai deixar de me amar e eu não serei mais encantado, não terei mais histórias pra te contar.” A menina não acreditou, mas foi o que aconteceu. O pássaro foi ficando triste, parou de cantar, não tinha mais histórias, foi perdendo as penas. Foi ficando murcho, estava morrendo. Até que a menina percebeu o que ela tinha feito com o pássaro e resolveu então abrir a janela... a gaiola.... a porta da gaiola. O pássaro voou e disse pra menina: “Menina, obrigado. Vai demorar. Vou embora. Vai demorar, mas eu vou sentir saudade de novo e na medida que eu sentir saudade, vou ficar encantado, minhas penas vão ter cores coloridas e você também vai ter saudades, você vai me amar de novo. Eu voltarei.” E o pássaro partiu. A menina sabia que em algum lugar do mundo, o pássaro estava, ele voltaria. Então todo o dia ela pensava “de onde será que meu pássaro virá”. Todo dia então ela se aprontava, botava uma flor na jarra e vestia um vestido novo, e pensava: “Quem sabe ele voltará hoje”.

Essa história eu escrevi porque a minha filha tava com medo da minha viagem. Depois eu descobri que, depois de publicada, essa história começou a ser usada por terapeutas para lidar com casais engaiolantes [R.A.] [...] mulher querendo botar o marido na gaiola [R.A.] Tá vendo! Ó, ô Alberto, você citou o Fernando Pessoa, né? Comunicar a nossa identidade íntima com eles. Foi só falar, que todo mundo deu risada, quer dizer, todo mundo tem culpa no cartório [R.A.] Todo mundo já [...] engaiolado. [R.A.] Aí um dia eu encontrei com uma pessoa que disse: “mais que linda história teológica você escreveu”. “Que história teológica?”, “Aquela da menina e o pássaro encantado!”. Aí eu fiquei parado. “Mah como?”. “Mas, escuta, o pássaro encantado não é Deus que as religiões põem na gaiola?”

Jesus Cristo estava trancado numa gaiola. Ele não voava mais. Era prisioneiro de uma instituição. Havia perdido o poder de fazer os homens felizes. E, de repente, aparece Lutero e abre e porta da gaiola. Aí o pássaro voa de novo.

A fé na Reforma é a fé num pássaro encantado que a gente não vê. Ele não está nas doutrinas, ele não está preso em qualquer lugar. Ele não é de uma igreja. Ele está ausente. Os sacramentos são a celebração de uma ausência. Mas é isso que é “em memória de mim”. Mas a gente só tem memória quando tá ausente! Mas é justamente na memória que a gente sente saudade. Deus não é prisioneiro de nenhuma igreja. Ele é um pássaro encantado [...] nossa imaginação que nós faz voar [...] encantado; e é aí que uma coisa estranha acontece com a gente. Começa a acontecer uma coisa nas costas e a gente percebe que asas estão crescendo [...]. Que a bondade de Deus não castiga [...] que nos chama ao amor, e com isso nós podemos fazer um mundo [...]
 
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Seguem alguns comentários a essa publicação do site:
 
18 comentários:


Alexsandro said...

Espero que as igrejas Presbiterianas não o chamem para pregar, nunca mais.





Muito bom o blog.



8:29 AM

Rev. Ageu Magalhães said...

Caro Alexsandro,



Eu também espero isso. Infelizmente, hoje Rubem Alves está bem longe dos caminhos do Senhor.



3:12 PM

BERNARDO RAFAEL said...

Que caos vivemos! De um lado a podridão neo-pagã-medieval-pentecostalizada e de outro alguém intectu-gnóstico-apóstata adepto da alta crítica e com ares de Tilich, Bultmamm e outros liberais!

Me impressiono ao ver uma igreja presbiteriana acolher tal pregador. Pregador de que? De Jesus? Claro que não. Esse é o grande problema da IPB: Valorizar demasiadamente a intelectualidade e ignorar talves alguém com não tanto preparo mas CRENTE EN CRISTO.



4:55 AM

Rev. Ageu Magalhães said...

Caro Bernardo,



Concordo plenamente!



Abraço,

Ageu.



10:31 AM

Sara said...

Para mim essa é uma das pregações mais lindas que já vi nos últimos dias. Eu gostaria que ele pudesse pregar na minha igreja, penso que esteja na hora de querermos institucionalizar Deus, pois Ele não pertence a igreja nenhuma, Deus é espírito e importa que seus adoradores O adorem em espírito e em verdade!



Sara



6:31 AM

Rev. Ageu Magalhães said...

Sara, Rubem Alves não prega. Ele fala. Quem prega é pastor, crente, discípulo de Cristo, e, infelizmente, Rubem Alves abandonou este caminho a tempos. Leia os últimos escritos de Rubem Alves sobre Deus, Jesus e religião e você verá que ele não trilha mais este caminho conosco.



7:02 AM

Éverton Vidal said...

Que lindo!

Muito obrigado, essa mensagem me edificou muito. Li às lágrimas e senti Deus.



Abraçao.

Inté!



6:49 PM

Rev. Ageu Magalhães said...

Caro Éverton, este é um problema: Emocionar-se com uma mensagem anti-bíblica e "sentir" um Deus que não quer ser "sentido", mas conhecido e amado. Abraço, Pr. Ageu



5:57 AM

João Eduardo said...

A perdição sempre se apresentou em forma de sabedoria. A idéia da serpente lançada à Eva a motivou a pensar sobre algo que talvez ela ainda não havia considerado. Eva olhou para o fruto proibido com novas perspectivas e cometeu um erro fatal com seu marido.

O erro é bonito e atraente. Satanás sabe atiçar nossas mais profundas emoções, ele é um maestro, um poeta, um artista e um inimigo mortífero. Sua arte e beleza são inferiores à beleza da santidade do Senhor, que aos homens comuns está escondida por causa das trevas que tomam conta de suas vidas enquanto pessoas escravas e dependentes do pecado. A única maneira de desfrutarmos da verdadeira beleza que a santidade de Deus é, é ter a Cristo como o nosso único e suficiente Senhor e Salvador.



7:55 AM

Matheus said...

Deus Abençôe a vida do Rubem Alves. Sempre de forma poética mostra o verdadeiro espírito do Evangelho. Infelizmente não temos o privilégio de ouvirmos em nossos púlpitos constantemente. Quem sabe um dia não teremos mais "Igrejas de Copacabana". Mas como Presbiteriano e leitor do Rubem mesmo sem ouví-lo em nossos púlpitos temos seus livros e conferências que nos enriquecem e são profundamente abençoadoras.



3:10 PM

Anonymous said...

Pergunto-me se Moisés pregava desse, jeito... Jeremias, Amós, Jonas, Cristo, Pedro, Paulo, Timóteo. Este, no seu sermão de inauguração na festa do Pentecostes, ouviu do povo a pergunta, após concluir: que faremos, irmãos? Esta transcrição nem mesmo é um sermão, é um solilóquio...quem adorna a mensagem de arte, e não de verdade, é o artífice que esculpe um ídolo.. torne-se semelhante a ele. Isso é péssima arte e péssima teologia. Estragou as duas áreas, numa tacada só.



12:11 PM

Daniel said...

Talvez alguns dos fãs de RA poderão vê-lo pregar no inferno...

Daniel



4:07 PM

Maurício de Almeida Soares said...

sempre ouve uma "elite intelectual" que se acha culta demais para a Palavra e prefere ouvir as novidades dos "pensadores" liberais a ouvir a Verdade do Velho Evangelho; me entristesse saber que há pessoas assim na IPB.

Que incoerencia, no dia da Reforma chamar um "Erasmo de Roterdã" para "pregar"!!!



9:51 AM

Rodrigo Poggian said...

Parabéns à igreja presbiteriana por ter dado aos seus fiéis a oportunidade de escutar uma pessoa iluminada como Rubem Alves. Se o inferno está cheio de pessoas como ele, o lugar não é de todo ruim...



4:53 PM

Joel said...

Rev. Ageu,



Por favor, por acaso o senhor saberia dizer quem era o pastor da Igreja Prebiteriana de Copacabana em 2003, por ocasião dessa "pregação" de Rubem Alves?



Obrigado, Joel.



12:45 PM

Rev. Ageu Magalhães said...

Caro Joel,



Acho que era o Rev. Carlos Alberto Chaves.



5:09 PM

Joel said...

Obrigado pela resposta, Rev. Ageu!

P.S.1:
No culto da Reforma, em uma igreja (teoricamente) reformada, o "pregador" diz que os verdadeiros pecadores são os teólogos (como o são os próprios reformadores Lutero e Calvino!). É de doer...
P.S.2:
O Rev. Carlos Alberto Chaves (Fernandes?) é aquele do movimento ecumênico que hoje se encontra na Igreja Anglicana? Se sim, bom para ele e melhor para a Igreja Presbiteriana!
4:43 PM

Matheus Pinto said...

Infelizmente o Rev Carlos Alberto não está mais em nossa Igreja. Mas ainda temos muitos teólogos que possuem a mente de Cristo e uma visão cristã do reino que consegue ver Igreja além de nossa IPB. A IPB não pode querer impedir seus fiéis de pensar.
5:33 PM

- Acrescido em 15/08/2011 -

Leandro said...

Sinceramente, gostei da pregação. Gostaria, inclusive, de obter o audio dessa mensagem, se possível!
Aliás, informo que a copiei para meu blog: http://leleite.blogspot.com/2011/07/pregacao-rubem-alves.html
Muito Obrigado pela transcrição.
10:54 AM

Maria Inês Silvério said...

O ex-pastor Rubens Alves tem muita intelectualidade,nada de espiritualidade para pregar,trazer um sermão em um culto,num púlpito em uma Igreja Presbiteriana.Fico muito triste qdo.vejo um conselho de uma Igreja Presbiteriana permitir q.Rubens Alves ocupem um púloito q.é sagrado para trazer um "sermão".respeito-o como professor,nada além disto.
2:12 PM

Rev. Alexandre - Santo André said...

Engraçado...

Por que não comentam que o Rubem Alves foi chamado para pregar na ocasião para a nossa amada IPB corrigir um erro do passado no militarismo?

Por que Rubem Alves fez a crônica/história/livro sobre o pássaro e por que ele foi viajar?

Achei que ele - Rubem Alves - foi muito gentil em não citar os motivos.
Aos que não sabem: que a Igreja Presbiteriana do Brasil (na verdade os seus líderes da época) o entregou ao militarismo dominante e fortalecido pelo Ato Institucional número 5 e que ele (Rubem Alves) teve que fugir para os EUA, e antes de fugir recebeu o refugio da loja maçônica do qual o Pastor da IPB da cidade vizinha em MG era membro.

Fato que parece que os advindos do JMC tendem a esconder por razões políticas (a maioria está lápor isto), mas "quem veio de Campinas" conviveu com os algozes e os advogados de defesa da época, sem estar sob as asas políticas e protetoras do Mackenzie.
Sobre o que ele pregou?

O Espírito Santo é livre e sopra aonde quer, o Rev. Ageu sabe bem disso, Rubem Alves PREGOU e Deus usa a quem quer usar apesar e independente de nós (nenhum de nós está apto a pregar, ou estamos? Isto não tem em comum com clericalismo?), Eu não sou mais ou menos santo do que Rubem Alves, a única diferença é que eu posso - por direito e prerrogativa sacerdotal exclusiva - impetrar a benção apostólica (que é um versículo bíblico) no final do culto e ele não pode, Deus usa até os mentirosos e omissos que escondem a história de fato e se escondem no apoio político a candidatos ao Supremo Concílio.
Fica aqui o meu registro e meu espanto por mentes presbiterianas que acreditam na eleição e predestinação somente dos que são membros ativos da IPB e não para todos os que foram alcançados por Deus em sua Graça que elege e predestina, mas que não carimba: SOMENTE OS DA IPB.
Rev. Alexandre - Santo André
2:58 PM