domingo, 27 de novembro de 2011

Heresia

Gostaria de saber me referir a Deus com palavras como "encantamento" e "magia" sem ser considerado herege. Mas, isso fica para aqueles que sabem manejar melhor a pena do que eu.

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Me considero alguém que possui uma crença tradicional. Porém, há dias em que eu me canso de ouvir os mesmos discursos para as verdades nas quais eu creio, o que parece se apresentar como algo feito para que eu me convença que é verdade, e, não, para que eu reconheça a verdade. Exemplo: falar que em mim falta uma parte que só pode ser preenchida por Deus. Me recuso a crer que Deus seja apenas "uma parte". Se Deus não é TUDO, Ele não pode ser mais nada!

terça-feira, 22 de novembro de 2011

Paulo Brabo - 3

Mais um texto do Paulo Brabo que transcrevo abaixo, deixando o link original aqui:

21 de Novembro de 2011

O acalentado conforto da proibição
Confiscado por Paulo Brabo
Estocado em Manuscritos

Só os grandes articuladores da fé, que vivem e pensam em esferas distantes da multidão, é que falam da sua religião em termos profundos e categorias teológicas. Para uma pessoa normal, ou para alguém que observa de fora, uma religião é mais claramente definida pelas suas proibições.

O cidadão comum, muito sensatamente, prefere não ter de sentir-se à vontade entre termos como atonement, parousia, kenosis, koinonia e kairos. O cristão médio vive muito bem sem conhecer as quatro teorias da redenção, sem ter lido a autobiografia de Agostinho, sem pausar diante das agonias de Kierkegaard e sem dobrar-se com as angústias de Bonhoeffer. Ele intui que é possível aproximar-se de Jesus sem saber exatamente o que é graça irresistível, pecado original, amilenismo, soteriologia, hermenêutica, exegese, escatologia realizada, depravação total, arminianismo, imanência, universalismo, teísmo aberto ou monergismo. Muitos cristãos tarimbados sentem-se pouco à vontade para manusear sem proteção até mesmo conceitos que são mencionados pelo nome na Bíblia, coisas como santificação, graça, justificação, eleição e arrependimento. Até mesmo, olha, fé.

Em contraste com isso, os mais despreparados dentre nós sentem-se em geral prontos para elencar as interdições que envolve a nossa fé particular – ou, no mínimo, para zelar nominalmente pela aplicação delas. De longe, “minha religião não permite” é a profissão de fé mais comumente proferida da Terra.

É desse modo, elencando proibições, que na vida real falamos aos outros da nossa religião e inquirimos os outros a respeito da deles. É falando de proibições que orientamos ou corrigimos o caminho dos que se agregam ao círculo da nossa crença.

Há coisa de cinquenta anos as facções evangélicas e protestantes do Brasil cultivavam uma série de interdições em comum, a maioria das quais foram abolidas nesse intervalo, embora continuem a vigorar para um grupo ou outro. Crente não podia não podia beber, não podia ir ao cinema, não podia jogar futebol; não podia ouvir música do mundo, não podia entrar em boate, não podia fumar; não podia jogar, não podia fazer apostas e não podia dizer palavrão; se fosse mulher, não podia usar calça comprida, não podia usar maquiagem, não podia cortar o cabelo.

Corta para 2011: não só caíram todas essas proibições (ou a sua maioria), como a cultura e a tecnologia avançaram rápido demais para que as assembleias pudessem legislar com adequada austeridade proibições novas. Tarde demais para lembrar que crente não pode usar telefone celular, não pode ter conta no twitter e não pode ler o Paulo Brabo.

Isso não quer dizer que os cristãos tenham deixado de construir sua identidade entrincheirando-se atrás de suas mais sagradas proibições. Permanecemos, como sempre, particularmente interessados nas transgressões que dizem respeito ao corpo: da nossa pauta eterna aparentemente nada tem poder para riscar a contracepção, as relações homossexuais e o sexo não apaziguado pelo casamento.

Tanto a teologia quanto as proibições acabam sempre, portanto, encontrando o seu público. Para os teólogos, a essência da fé está nas filigranas e coisas profundas que a massa não tem como entender; para a massa dos fiéis, a essência da fé está nas proibições muito práticas que lhes fornecem por um lado uma identidade e por outro lhes garantem uma recompensa.

Uma das muitas coisas singulares a respeito de Jesus de Nazaré é que ele evitou por completo tanto as armadilhas teologantes dos letrados e eruditos quanto a religiosidade rasa, de proibição e recompensa, das massas.

Jesus não ignorava, naturalmente, que as duas abordagens tem muita coisa em comum. Em grande parte, a lista de proibições adotada pelos crentes é composta ou esboçada pelos religiosos letrados que residem acima deles na pirâmide socioeconômica. “Se não são os sofisticados o bastante para entender as minúcias da teologia em que se fundamentam,” raciocinam os líderes religiosos com relação ao seu rebanho, “que pelo menos não caiam naquelas transgressões mais severas. Façamos uma lista”.

Postando-se muito acima dessas mesquinharias, Jesus recusava-se, por um lado, a gastar um instante que fosse do seu tempo expondo ou discutindo teologia. Era contando histórias que ele desfiava indicações sobre a natureza e os desafios do Reino. Era no calor sem sofisticação de estradas, de refeições, de curas e de abraços – no calor da vida real – que ele mostrava como o Reino se deveria viver.

Por outro lado, ele recusava-se de modo consistente a fornecer ao seu público o conforto almejado das listas de proibições. Jesus não só negava-se a falar da vida abundante em termos de obediência a interdições, como repelia com exuberância as tentativas que as pessoas por vezes faziam de, às custas dele, reduzir a ética a uma resposta “sim ou não” para um problema complexo.

Naquela época não tinha qualquer penetração cultural a noção que todos conhecemos hoje, de que as motivações mais mesquinhas para se agir de determinada forma são o medo da punição e o desejo da recompensa. Jesus, no entanto, agia e ensinava como se fosse coisa muito evidente que uma ética de conduta regida por proibições é limitada e infantilizante. Muito mais ambicioso, o rabi de Nazaré sonhava com um mundo de autonomia individual e de decisões responsáveis: “por que vocês não decidem por si mesmos o que é certo?” (Lucas 12:57).

Ao mesmo tempo, Jesus desafiava constantemente a noção – pelo menos tão enraizada nos seus dias quanto nos nossos – de que simplesmente abster-se de descumprir os mandamentos era coisa capaz de garantir alguma recompensa ou de habilitar o adorador a exigi-la de Deus. Não contente em negar o conforto das listas de regras e proibições, o Filho do Homem insistia que na perspectiva divina nenhuma obediência tem recompensa ou a merece.

Na verdade, Jesus sugeriu mais de uma vez que a sensação de superioridade moral que acompanha uma vida de obediência estrita aos mandamentos é, em si mesma, a única recompensa que um religioso/carola deve esperar receber pela sua conduta.

Quem rege sua postura pela obediência aos mandamentos, insistia Jesus, não faz nada de mais e nada deve esperar em troca. A imitação de Deus requer uma bondade assertiva e uma generosidade vivida, não uma vida de recuos, desvios e melindres. Como ilustração espetacular desse modo de ver as coisas, em seu último discurso no evangelho de Mateus o Filho do Homem ousa condenar ao inferno não os pecadores que rebaixaram-se a fazer o mal, mas os religiosos que deixaram de fazer o bem.

Essa visão outorgava ao homem uma liberdade que tinha tanto de terrível quanto de sublime. O apóstolo Paulo maravilhou-se diante dela mais de uma vez. Por vezes usamos o seu “mas nem todas me convém” a fim de anular por completo o seu “todas as coisas me são lícitas”, porém isso é não fazer justiça à vertigem que ele detectou. Para recapturá-la seria preciso reescrever o seu hino como: “todas as coisas me são lícitas, e terei a hombridade de assumir responsabilidade por todas que eu fizer ou deixar de fazer”.

Um Deus que sonhava para os seres humanos uma vida de plena maturidade, sem recalques mas sem descontos, mostrou-se incrível e exigente demais para ganhar verdadeira popularidade.

Ao sugerir que seu Pai não recompensava a obediência, mas esperava uma gentileza assertiva mais do que uma obediência neurótica a regulamentos, Jesus requereu uma profunda e intransigente ressignificação da imagem que os homens faziam (e ainda tendem a fazer) de Deus. Não é de se admirar que poucas gerações de convertidos depois os cristãos já tivessem revertido à imagem tradicional da divindade, aquele que aceita os bons e rejeita os desobedientes.

Jesus, patrono da maturidade, perguntava a seus discípulos porque eles não discerniam por si mesmos o que era correto, e ensinava que as prostitutas chegam ao céu antes dos religiosos. Hoje em dia as igrejas, patrocinando a imaturidade, explicam que a Bíblia é uma norma inflexível de conduta, e ousam dizer a gente adulta, capaz de ler os evangelhos por si mesma, que criança boazinha é que vai para o céu.
 
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Após ler o texto, não resisti e escrevi um e-mail para ele. Segue o texto do e-mail que seria minha contribuição pessoal para o tema e, por isso, aqui é o melhor lugar para deixá-la registrada:
 
"Mais uma vez, leio seu texto (http://www.baciadasalmas.com/2011/o-acalentado-conforto-da-proibicao/) com a formidável sensação de alívio por alguém ter escrito tão bem o que vivo tentando dizer a mim mesmo. E, como me vejo no que fora descrito, tomo a liberdade de colocar um pensamento humilde sobre uma passagem mencionada. Na questão da liberdade sem limites que Jesus propunha e que Paulo apresenta em seu texto de I Cor 6:12, no qual afirma "que todas as coisas me são lícitas", não imagino que o foco contrário a essa frase seja a mencionada "mas nem todas me convém", e sim, o quase esquecido "mas eu não me deixarei dominar por nenhuma". A única coisa que não convém, passa a ser, então, aquilo que eu permito que me domine, que me toma a liberdade para a qual Cristo me chama e, inclusive, morreu para que eu a possua. Somente quem é livre pode amar verdadeiramente e até o fim, como Jesus propõe e age, sendo nosso exemplo. Por isso, na busca de aprender mais sobre essa liberdade plena, a frase que proibe (nem todas me convém) não pode ser desconectada da frase que liberta (todas as coisas me são lícitas) exatamente pelo elo que apresenta a liberdade (eu não me deixarei dominar por nenhuma - nem lícitas, nem ilícitas, nem convenientes, nem inconvenientes - mas amarei sempre, e c om minha vida, seja isso lícito, ilícito, conveniente ou inconveniente). É isso que gostaria de compartilhar com esse amigo virtual/invisível que tem expressado algumas de minhas inquietações e me feito imaginar que, ainda que feito de carne, não estou tão sozinho assim nesse universo. Abraços, em Cristo."

domingo, 20 de novembro de 2011

Justiça

A cada dia que passa fico mais irredutível de que esta palavra não existe a não ser em utopias. Ao menos, se existe (e quero continuar crendo que exista), não sabemos utilizá-la, pois, quando dizemos que algo não é justo, o nosso intuito parece sempre dizer: "isso não foi justo para mim", ou ainda, "eu me prejudiquei com isso".
Se é para ficar bravo pela falta de justiça, ou, na linguagem das Bem-aventuranças, ter fome e sede de justiça, é hora de compreendermos Justiça como sendo um Amor sem medidas, capaz de dar e perder, sem precisar pensar que há injustiças nesses atos.
Fome e sede de justiças são saciadas exclusivamente por atos de amor.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Imaginação

Imaginação é o querer demais.
E é essa querença de coração que faz tudo real. Que faz o desejo se concretizar.

Pranto em Dança

Meditando sobre o livro de Henri Nouwen "Transforma meu pranto em dança", pensei que o título é bem inspirador. Transformar pranto em seu antônimo, o riso, a alegria, é uma mudança que parece não confrontar diretamente o problema, pois, o pranto, é situação cotidiana em nossas vidas, bem como a alegria e o riso. Não parece adequado viver mascarado para ficar alegre. A questão parece que, para mim, pelo menos, nunca é "mudar" de estado, mas saber viver bem em toda situação.
Assim, em seu livro, Nouwen é magistal ao indicar que o sofrimento é uma dança e que o Criador nos convida a dançar e quer nos ensinar os passos.
Toda dança, ainda que triste, é bela em sua essência. E essa beleza transforma. Toda dança, ainda que represente a dor, eleva nosso espírito mais do que o riso.
Enfim, todo dançarino, após seu espetáculo, seja ele doloroso ou vibrante, se encontra extenuado, mas com uma satisfação tamanha que é, então, capaz de, com seus gestos desconhecidos pelos amadores mas tremendamente insólitos, convidar à dança aqueles que se encotram estáticos diante da dor.
A dança transforma, consola, agrega, e, ao mesmo tempo, não me obriga a disfarçar a dor mas a usa como mote para algo divino.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Pensamentos

Lendo o livro Fonctionnaires de Dieu de Eugen_Drewermann deparei com a seguinte frase: (transcrever depois).

Fiquei, realmente, pensativo nessa questão, principalmente, porque não tenho conseguido compreender mais o amor de Deus (amor falando de Deus não é possível utilizar a preposição 'de' como se fosse uma parte de Deus, mas, como a Bíblia O define como SER Amor, e não apenas tendo amor, o melhor seria Amor-Deus, eu penso), ou o Amor-Deus (ou o normal, ainda que não mais tão expressivo face o desgaste do termo, Deus-Amor) como nas formas que tenho sido ensinado até o momento.
Friso que a linguagem, para se referir a Deus, jamais será efetivamente conclusiva, mas, como não conseguimos nos expressar de outra forma além da linguagem, é assim que tem de ser.
O Mistério Divino, como escreveu Leonardo Boff, sempre nos leva à estupefação e ao silêncio contemplativo, porém, o silêncio é sempre após a busca e ao suor do estudo e pensamento, não antes, para não ser preguiçoso. Portanto, antes de me calar, preciso pensar, e pensando, escrevo para admirar o Mistério após a escrita. Creio que Deus não tem receio de nossos pensamentos.
Bem, continuo...
Não consigo compreender bem um Amor que faz seu Filho morrer. E isso contrasta pelas seguintes passagens:
- Se vocês são maus e sabem dar boas coisas aos seus filhos ...
- Eis o meu filho amado ... a ele ouvi!
- A parábola dos lavradores maus.
- O sinal de Jonas.
- A história de Jonas.
- João 1: 10-12.
- Abraão e Isaac (conforme a exegese de Hebreus).
- João 3: 16 (onisciência, vontade e determinismo - ou, saber o que vai acontecer não significa fazer acontecer, nem querer que aconteça)

Antes de ser herege, compreendo a imprescindibilidade da morte de Cristo para a nossa salvação. Mas preciso entender melhor o Amor-Deus e a responsabilidade minha em toda essa situação.

É fato indiscutível o relacionamento de amor/partilha/união (cumplicidade é uma palavra que gosto, embora pericorese seja um termo teológico intrigante e que estou aprendendo a entender) entre as pesoas da Trindade. Assim, o Pai ama o Filho (apenas para ficar entre esses dois). E, igualmente, Deus ama Sua criação (na qual os Seres Humanos estão incluídos. Outro absurdo do qual tenho tentado me livrar, e por vezes atos-falhos acontecem, é o de pensar que Deus quer salvar apenas os Seres Humanos, quando, na realidade, penso que a real salvação EM CRISTO engloba toda a CRIAÇÃO. Relevância ou Preferência, ou ainda, qualquer outra palavra que limite a salvação ao Humano, demonstra apenas nossa míope incompetência/arrogância/egoísmo e necessidade de sermos salvos)

continua depois ...

domingo, 6 de novembro de 2011

Papai Noel

Hoje, 06/11/11, foi a Confraternização de algumas famílias da turma do Mateus. Ocorreu no Clube Santa Mônica. Foi muito gostoso, mas a surpresa, para mim, deu-se há um mês atrás, no início dos preparativos para a festa.

De supetão, recebi um e-mail sobre a festa e a confirmação e, além disso, um pedido: Você poderia se vestir de Papai Noel e entregar os presentes das crianças? O pedido veio de forma tão casual e sincera que fiquei completamente sem jeito para recusar. Perguntei se não seria melhor outra pessoa; se já havia sido questionada outra pessoa para atuar nesse papel, e, para minha surpresa maior, eu tinha sido o primeiro a ser questionado para isso.
Como disse, fiquei sem o que dizer e acabei aceitando. Afinal, seria apenas se vestir de Noel, fazer Ho-Ho-Ho e entregar uns presentinhos. O que haveria de mais nisso.
Bem, primeiro, eu não sabia como fazer isso. Depois, eu nem acredito em Papai Noel. Aliás, eu até sou meio contrário a isso tudo. Mas, o convite foi tão inusitado que eu não sabia nem como me negar a interpretar o Seu Nicolau.

Deixei o tempo passar e alguns dias depois do convite, mais exatamente em 25/10/11, pensando sobre o assunto, me veio uma frase na cabeça: "A imaginação é o que nos permite criar o mundo. Ela é maior do que o real. Ela é o que faz com que nossos desejos se realizem. Vocês me desejaram e aqui estou. Eu sou fruto da sua imaginação, mas é a imaginação o que faz os desejos reais."

Assim, pensei cá com meus botões: Já que não acredito nesse negócio, acho que essa frase seria a saída para ligar esses dois mundos, ou seja, os que acreditam e os que já não acreditam mais. Então, achando que tinha resolvido tudo, fiquei mais tranquilo e esperei a data do evento.

Ontem, fiz os últimos preparativos, mas, ao acordar, me veio à mente todo um texto que eu precisava escrever em algum lugar antes que eu o perdesse. Fiquei muito feliz com a "revelação" que tive e acabei usando-a como o discurso do Papai Noel com as crianças. Foi, inclusive, uma lição para mim mesmo, e para não esquecer, registro o texto que escrevi, pois, quem sabe, algum outro Papai Noel "crente-descrente" possa utilizá-lo:

"Crianças, vamos conversar um pouco.
Sabe, eu tive de começar a entregar os presentes antes do Natal. Aliás, o que é que comemoramos no Natal? Isso mesmo, o nascimento de Jesus Cristo, e isso é muito importante. Então, tive de começar a entregar os presentes mais cedo porque como vocês sabem, há 7 bilhões de pessoas no mundo, e isso é muuuuuuuita gente. Então, para não atrasar, pensei em começar as entregar mais cedo.
E como eu tinha de começar por algum lugar, escolhi aqui em Curitiba, no Brasil. E isso por dois motivos. Primeiro, porque o Brasil é um lugar muito gostoso de viver. Eu moro no Pólo Norte e gosto de lá, principalmente, porque eu nasci lá e onde eu moro é muito tranquilo para trabalhar. Mas se eu fosse escolher outro lugar para morar seria no Brasil. Aqui é quente, gostoso, colorido, bonito. E, no Brasil, o melhor lugar para morar eu penso que seria Curitiba, pois, além de ser no Brasil, é o único lugar no mundo que faz frio todos os dias do ano, não importa a estação do ano, e isse me lembraria do Pólo Norte e evitaria a saudade.

Mas eu preciso contar um segredo para vocês, porém, antes, eu quero saber: Quem obedeceu ao papai/mamãe esse ano? E ao vovô/vovó? Titio/titia? Muito Bem! Isso é mesmo importante.
E quem ajudou aos professores e aos colegas da sala de aula, também? Parabéns! Os professores precisam da ajuda das crianças para que todos possam aprender juntos. E são vocês quem devem ajudar os professores e aos colequinhas. Combinado?!?

Mas agora, vou contar o segredo:
- Alguns, aqui, têm medo de mim, sabiam?!?
- Alguns outros, pensam que eu sou de verdade.
- Outros, pensam que sou de mentida.
- E alguns adultos acham que eu estou pagando um mico vestido desse jeito com todo esse calor.
E é correto dizer que todos estão um pouquinho certo em tudo isso que pensam. Vou explicar.

Quando o Papai do Céu criou a todos nós. É, viu só, Papai Noel também acredita no Papai do Céu e em Jesus. Essa é, realmente, a coisa mais importante de todas.

Então, quando o Papai do Céu criou a todos nós, Ele gostou tanto, mas tanto, tanto, tanto, de nos ter criado que colocou em nós duas características que só Ele tem.
Isso é o que a Bíblia chama de "imagem e semelhança de Deus". Só o Papai do Céu é quem tinha essas duas coisas, e Ele colocou em nós quando nos fez.
Sabiam que muita gente nem sabe direito o que isso significa? O que significa "imagem e semelhançade Deus"? Mas eu vou explicar esse segredo para vocês e vocês poderão explicar para os outros depois.
Então, quando o Papai do Céu nos criou, Ele colocou em nós a IMAGINAÇÃO.
O que significa Imaginação? É a capacidade que temos de sonhar com coisas boas.
Sabiam que o Ser Humano já conseguiu ir até à Lua? Voar? E criar coisas fantástivas como a bicicleta, a cama, o telefone e o sorvete?!?!?! É isso mesmo! E como que isso tudo aconteceu?
Alguém sonhou que queria ir para a Lua, e foi sonhando, e sonhando, e trabalhando nesse sonho, e o sonho foi ficando maior até que se concretizou. Com o telefone e o sorvete também aconteceu a mesma coisa. Alguém sonhou: Hummm!, que legal seria term um sorvete para dividir com meus amigos. E sonhou tão forte, e trabalhou tanto, e fez o sonho ser verdade!

Mas eu disse que o Papai do Céu tinha dado DUAS coisas para nós. A primeira é a capacidade de sonhar com coisas boas. E a outra é a capacidade de fazer o sonho se tornar realidade. Então, nós podemos sonhar com coisas boas e fazer essas coisas boas acontecerem!
O problema é que nós vamos crescendo e esquecendo dessas duas capacidade que o Papai do Céu colocou em nós. Vamos esquecendo de sonhar com coisas boas e de fazê-las ser verdade. Assim, começamos a sonhar coisas ruins e o que é pior, fazemos as coisas ruins acontecerem.

Então, o Papai do Céu ficou preocupado com tudo isso e, para lembrar as pessoas de ouvir o que o Papai do Céu tem falado e nós não temos escutado, Ele me pediu para lembar as pessoas dessas duas capacidades que Ele deu para nós.
Mas parece que só as crianças tem prestado atenção nisso que o Papai do Céu falou: que nós devemos continuar sempre sonhando com coisas boas e fazendo sempre com que essas coisas boas aconteçam. Os adultos esquecem disso, mesmo o Papai do Céu lembrando a todos de que se nós não formos como crianças, se não tivermos o coração como de criança, sonhando coisas boas e fazendo-as acontecer, jamais poderemos entrar no Reino dos Céus.

Assim, é por isso que eu trago os presentes para as crianças. É uma forma de fazer um pacto, um combinado com cada uma das crianças que recebem o presente. O combinado de que aquele que recebeu o presente vai continuar sonhando só com coisas boas e fazendo com que esses sonhos bons se tornem realidade. É isso que o Papai do Céu quer!

Vamos fazer esse combinado? Vamos só sonhar com coisas boas e fazê-las realidade?

Então, eu vou dar esses presentes para vocês sempre se lembrarem do nosso combinado, está bem?!?! Viva!!!
Ah! e vocês tem de lembrar o papai e a mamãe disso, também, para que eles possam sonhar com vocês!"

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Acordei de manhã, coloquei o filme "A Família do Futuro" para as crianças assistirem, voltei para cama, me enrolei um pouco e escrevi o texto acima. Terminando de escrever, fiquei um pouco mais na cama, e como já estava na hora de sair para a Confraternização, subi para desligar a TV.
Já estava na música final do filme e a Giovana me disse: Que legal! O menino sonhou com todo o futuro! E como é que ele vai conseguir realizar tudo aquilo!?
Quase chorei quando ouvi isso! Só pude dizer: Ele vai conseguir realizar tudo no futuro porque ele sonhou com tudo e vai trabalhar para que tudo se realize.
Toda a "complexa" verdade de Deus expressa em um filme e "complexamente" compreendida por uma criança de 7 anos!
Fiquei feliz e esperançoso de que um simples e descrente papai noel também pudesse ser usado pelo Papai do Céu para se revelar a alguns pequeninos.

Como a Giovana também arrematou na volta da festa: Como pode, né!? Tinha de ser Papai Noel alguém que nem acredita em Papai Noel!
Ela que, quando me abraçou para pegar seu presente com o "papai noel", me disse que, no carro, ela iria tirar um sarro de mim. De fato, tirou mesmo!

Que Deus continue usando nossa imaginação para falar conosco e se revelar a nós!

PS. É claro que, falando "ao vivo" com as crianças naquela tarde o texto não ficou bem desse jeito, mas eu penso que a lição foi aprendida, se não pelos pequeninos, por mim, com certeza!