segunda-feira, 16 de maio de 2011

Deus Jurídico

Apesar de ser advogado, não concordo com a forma jurídica para expressar Deus.

Ele, de fato, pode ser expressado por várias formas e nuances, inclusive, há textos bíblicos expressos nos quais podemos encontrar expressões comuns ao "juridiquês" como JUIZ, ADVOGADO, CÉDULA DE DÍVIDA, e outras mais. Todavia, das várias formas que podemos expressar Deus em nossa linguagem, para hoje (se serviu para o passado isso foi relevante no passado), considero que a forma jurídica é a menos adequada.

Para isso, não preciso de referências ou citações que me fundamentam o pensar. O melhor, no caso do falar sobre Deus, é que citações de pensadores são desnecessárias quando Deus se expressa em relacionamentos, em amizade, em família. (Eu bem sei como é relevante observar o agir de Deus em vários outros irmãos com o passar dos tempos, mas isso não serve como 'argumento de autoridade', pois toda a autoridade e argumento deve ser, e pode ser, confrontado. Como os irmãos de Beréia assim fizeram com Paulo).

Agora, um pensamento que vez ou outra me tem assaltado. Não refuto os fatos que estão expressos na história e no meu coração. Porém, o que não tenho conseguido admitir é que uma explicação jurídica possa servir de resposta final à questão. Se tenho resposta?! Não! Aceito os fatos e as verdades nele expressas, mas não consigo mais aceitar a interpretação desses fatos sob um arcabouço jurídico determinístico.
Como esse blog serve para apresentar minhas indagações para mim mesmo, escrevo o que penso para depois pensar melhor.

Deus não pode ter "entregue" seu Filho para morrer, como consequência do cumprimento de uma Lei ou algo assim. O que penso que deve ser compreendido, nesse caso, é o que a Parábola dos lavradores maus indica (Mateus 21: 33-46).
Da mesma forma que Deus "se arrependeu" (sem se arrepender) Deus "não acreditou" (mesmo sabendo que assim seria) que os homens eram capazes de vê-Lo e não O reconhecer. Deus "não acreditou" (mesmo sabendo que assim seria) que os Humanos seriam capazes de, diante do próprio Deus, revelarem a intenção pior de seus corações: matar o filho para ficar com tudo. Matar o Filho de Deus para ficarem consigo mesmos. Matarem o Filho de Deus para "serem iguais a Deus", "para fazerem seu nome grande" como em Babel.

Mas em Seu amor, Deus não se manteve afastado após a morte de Seu Filho, mas o Ressuscitou e veio requerer o que é Seu, como na Parábola.
Graças a Deus por isso.

Não sei se isso refresca alguma coisa para alguém, mas, para mim, já ajuda a fugir das metáforas jurídicas de Deus e compreender um pouco mais da questão do Seu Beneplácito, Sua Vontade Livre e Soberana para agir em Amor, e não condicionado por lei nenhuma, nem pela lei do pecado ou de alguma outra coisa que inventamos que seja capaz de obrigar Deus a agir de uma forma ou de outra.

Como disse, o pensamento não fica concluído, mas apenas iniciado.
O Pai de Amor não "entregou" Seu Filho Amado para morrer, mas, antes, o enviou para Se Revelar a nós. E "nós não o recebemos, mas a todos quantos O receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus".

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